O anticinema de Yasujiro Ozu


Estou fazendo um levantamento de obras publicadas em português que retratem o Japão ou a imigração japonesa. É minha contribuição para o Centenário da Imigração.
Encontrei este livro sobre o cineasta Yasujiro Ozu no site da editora Cosac Naify, umas das minhas favoritas, pela qualidade indiscutível de todos os títulos. Posto abaixo a resenha do site da editora, pois não li o livro para poder dar uma opinião pessoal.
Edição comemorativa do centenário de um dos maiores cineastas japoneses traduzida diretamente do japonês. Este ensaio, de autoria do também diretor de cinema Kiju Yoshida (Eros + Massacre, 1969), penetra o universo fascinante de Ozu, considerado ao mesmo tempo o mais japonês dos diretores e o de linguagem mais universal. Pela primeira vez sua obra é analisada por alguém que trabalhou atrás dos megafones de direção. O diretor Yoshida emprega conceitos caros ao mestre de Bom dia (1959), emprestados da filosofia zen-budista.
Primeira edição do livro fora do Japão, traduzida diretamente do japonês pelo Centro de Estudos Japoneses da Universidade de São Paulo, inclui as filmografias de Ozu e Yoshida.
A versão francesa do livro, surgida em 2004 (co-edição Institut Lumiere/Actes Sud/Arté Edition) recebeu o Prêmio Anual da Crítica, oferecido pelo prestigioso Sindicato Francês de Críticos de Cinema.
Co-edição: Mostra Internacional de Cinema em São Paulo"


Serviço:

  • O anticinema de Yasujiro Ozu
  • Kiju Yoshida
  • Tradução: Centro de Estudos Japoneses da Universidade de São Paulo
  • Brochura
  • 312 páginas; 12 ilustrações;
  • 13,5 x 20 cm; 0,37 kg;
  • ISBN 85-7503-266-6
  • Publicação: nov. 2003

Biografia de Ozu no wikipedia:

Yasujiro Ozu (Ozu Yasujirō) (Tóquio, 12 de Dezembro de 1903 - Kamakma, 12 de Dezembro de 1963) foi um influente realizador de cinema Japonês.

Nasceu em Fukagawa, em Tóquio, filho de um comerciante de adubo, e foi educado num colégio interno em Matsusaka, não tendo sido um aluno particularmente bem sucedido. Desde cedo se interessa pelo cinema e aproveita o tempo para ver o máximo de filmes que podia. Trabalhou por um breve período como professor, antes de voltar para Tóquio em 1923, onde se juntou à Companhia cinematográfica Shochiku. Trabalhou, inicialmente, como assistente de fotografia e de realização. Três anos depois, dirigiu o seu primeiro filme, Zange no yaiba (A espada da penitência), um filme histórico, em 1927. Os cinéfilos em geral indicam como primeiro filme importante Rakudai wa shita keredo (Reprovei, mas... - tradução do título em inglês), de 1930. Realizou mais 53 filmes - 26 dos quais nos seus primeiros cinco anos como realizador e todos, menos 3, para os estúdios Shochiku.

Em Julho de 1937, numa altura em que os estúdios demonstravam algum descontentamento com o insucesso comercial dos filmes de Ozu, apesar dos louvores e prémios com que a crítica o celebrava, é recrutado com 34 anos e servirá como cabo de infantaria, na China, durante dois anos. A sua experiência militar leva-o a escrever um extenso diário onde se inspirará mais tarde para escrever guiões cinematográficos. O primeiro filme realizado por Ozu ao regressar, Toda-ke no Kyodai (Os irmãos da família "Toda" - tradução do título em inglês, 1941), foi um sucesso de bilheteira e de crítica. Em 1943 foi, de novo, alistado no exército para realizar um filme de propaganda em Burma. Em vez disso, porém, foi enviado para Singapura onde passou grande parte do seu tempo a ver filmes norte-americanos confiscados pelo exército. De acordo com Donald Richie, o filme preferido de Ozu era a obra-prima de Orson Welles', Citizen Kane.

Ozu começou por realizar comédias, originais no seu estilo, antes de se dedicar a obras com maiores preocupações sociais na década de 1930, principalmente ao focar dramas familiares (gênero próprio do cinema japonês, chamado "Gendai-Geki"). Outros temas caros ao mestre japonês são a velhice, o conflito entre gerações, a nostalgia, a solidão e inevitabilidade da decadência, como se verifica, de imediato, nos títulos dos seus filmes que evocam o passar do tempo: é frequente que os seus filmes terminem num local ou numa situação directamente ligada com o início, acentuando o carácter temporal "circular" (como as estações do ano ou a alternância das marés) destas obras.

Trabalhou frequentemente com o argumentista (guionista) Kogo Noda; entre outros colaboradores regulares contam-se o director de fotografia Yuharu Atsuta e os actores Chishu Ryu e Setsuko Hara. Os seus filmes começaram a ter uma recepção mais favorável a partir do final da década de 1940, com filmes como Banshun (Portugal: Primavera tardia; Brasil: Pai e filha, 1949), Tokyo monogatari (Portugal: Viagem a Tóquio, Brasil: Era uma vez em Tóquio, 1953), considerado a sua obra prima, e Ochazuke no Aji (Portugal: O gosto do saké, 1952), Soshun (Portugal: Primavera prematura, 1956), Ukigusa (Ervas flutuantes, 1959) e Akibiyori (Dia de Outono, 1960). O seu último filme foi Sanma no aji (BrasilA rotina tem seu encanto, 1962). Morreu de cancro no seu 60º aniversário e foi sepultado no templo de Engaku-ji em Kamakura.

Enquanto realizador era considerado excêntrico e declaradamente perfeccionista. É muitas vezes referido como o "mais japonês dos realizadores de cinema", o que não foi favorável para a sua divulgação no estrangeiro - só tardiamente se começou a mostrar a sua obra no ocidente, a partir da década de 1960. Foi relutante a aceitar a revolução do cinema sonoro - o seu primeiro filme com som foi Hitori musuko ("Filho único"). O seu primeiro filme a cores foi também tardio: Higanbana (Flores do equinócio), em 1958. Destaca-se, no seu estilo, um género de plano, filmado a baixa altura, com o operador de câmara de cócoras, o que provoca um determinado efeito de identificação do espectador com o ponto de vista da câmara. Defendia insistentemente os planos estáticos, sem movimento da câmara e composições meticulosamente definidas que não permitiam aos actores dominarem individualmente a cena. É também sua imagem de marca a frontalidade do plano (falsos raccords): num campo-contracampo, por exemplo, quando vemos alternadamente uma pessoa a falar com outra, é dada a impressão que o actor se dirige ao espectador e não à personagem do filme.

A influência de Ozu no cinema oriental é indubitável: Akira Kurosawa e Kenji Mizoguchi, que despertaram primeiramente a curiosidade cinéfila europeia em relação ao cinema japonês são, de certa forma, tributários do seu estilo. Verifica-se que muitos cineastas ocidentais tomaram Ozu como mestre. Wim Wenders filmou "Tokyo-Ga", um documentário sobre Ozu. Jim Jarmusch e Hal Hartley seguem de perto os seus ensinamentos, nos Estados Unidos da América. Em Portugal, João Botelho inspirou-se no seu filme "Viagem a Tóquio" para realizar "Um adeus português".

Exposição sobre Imigração Japonesa em Indaiatuba


Acabo de ler esta notícia no Portal Novidade - Informação e Bons Negócios de Indaiuba, interior de São Paulo. Lembrou-me a blogueira nikkei Luma Kimura, que mora lá.
Tenho amigos nikkeis que moram em Indaiatuba e igualmente parentes de amigos que optaram por ir para aquela cidade, que é nova e foi considerada uma das melhores para se viver. O tamanho médio (174.000 habitantes segundo dados de 2007), situa-se a apenas 90 km da capital paulista e 25 km de Campinas! Mas a proximidade com o Aeroporto Internacional de Viracopos (só 10 km) e a boa infra-estrutura e bons indicadores de qualidade de vida é que tem levado muita gente a optar por esta cidade para viver.
A imigração faz parte da história da cidade, como no geral nas cidades do interior paulista, seguindo a tradição de suas etnias, dedicando-se à agricultura, comércio, oficinas e manufaturas. A partir do final do século XIX Indaiatuba recebeu muitos imigrantes da Suíça, Alemanha, Itália, Espanha e, já no século XX, imigrantes do Japão. Segundo a wikipedia, "com sua economia dividida entre a cultura de café e batata e algumas pequenas fábricas, a cidade cresceu pouco na primeira metade do século XX. Em 1950 havia 11.253 habitantes no município. Em 1964 eram 22.928. A partir daí o crescimento acelerou-se, baseado principalmente na expansão da indústria e de serviços. Em 1991 o censo registrou 92.700 habitantes, número que em 2000 saltou para 146.829, e continua crescendo."
Entrei no site do Museu do Casarão Pau Preto e me surpreendi ao ver como a história do lugar é ligada à comunidade nikkei! As imagens que ilustram este post são de lá e mostram como o espaço foi evoluindo até chegar ao museu atual, das festas da Colônia Japonesa de Indaiatuba, nas imagens sempre com a tulha de café e a caixa d'água da fazenda Pau Preto ao fundo.
Abaixo a nota sobre a exposição em homenagem à imigração japonesa:
Centenário da imigração japonesa é tema de exposição

O ano de 2008 marca o centenário da imigração japonesa ao Brasil. Foi em 18 de junho de 1908 que o navio Kasato Maru atracou em Santos, trazendo 781 pessoas. Um pouco da cultura desta nação pode ser conferida no Museu do Casarão Pau Preto, até o mês de junho. A iniciativa é da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba e faz parte dos eventos comemorativos dos 100 anos da Imigração Japonesa, promovidos pela Prefeitura de Indaiatuba. “Demonstrar, ao menos um pouco, o quanto esta colônia fez por esta terra é a nossa proposta. Ao longo deste ano, estão programados diversos eventos alusivos ao centenário da imigração japonesa”, enfatiza o prefeito de Indaiatuba e presidente do Con-selho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (CD-RMC), José Onério da Silva.

Segundo o superintendente da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, Marcelo Alves Cerdan, a mostra foi montada a partir de uma parte do acervo do Museu, que representa a cultura japonesa na cida-de de Indaiatuba. “Temos poucos itens em nosso acervo, porém os painéis contêm informações muito importantes e significativas sobre a saga desses imigrantes”, completa o superintendente.

Serviço:
O Museu do Casarão Pau Preto
Rua Pedro Gonçalves, 477, Jd. Pau Preto
tel.: 19 3875-8383
Horário de visitação: todos os dias das 9h às 21h.

O cinema de Yoji Yamada em cartaz no Centro Cultural São Paulo

Recebi agora newsletter do site Abril no Centenário da Imigração Japonesa e uma das notícias era a dica cultural dos filmes de Yoji Yamada no Centro Cultural São Paulo, um dos meus lugares favoritos na cidade e que fica pertinho da Liberdade.

Segue texto de divulgação:

O cinema de Yoji Yamada em cartaz no Centro Cultural São Paulo
Divulgação
Cena do Filme "O Resgate de Tora-san

O Centro Cultural São Paulo promove, de 12 a 17 de fevereiro, uma mostra com diversos filmes do diretor japonês Yoji Yamada. Veterano do cinema nipônico – em seu currículo constam mais de 100 obras, nas quais assina direções e roteiros –, Yamada é famoso por sua série de filmes “Otoko wa tsurai yo” ["É duro ser homem", em tradução livre], que terá dois episódios exibidos em São Paulo.

“Otoko wa tsurai yo” começou como uma série de TV e se transformou em longa-metragem em 1969, com o ator Kiyoshi Atsumi no papel de protagonista. Conta a história de Torajiro Kuruma (o Tora-san), um personagem temperamental que não tem uma vida estável aos 40 anos e ganha a vida como caixeiro-viajante. Já que seu estilo de vida é algo meio “inaceitável” na sociedade nipônica, em cada filme, ele viaja para algum lugar e, invariavelmente conhece uma jovem por quem se apaixona. Porém, elas sempre preferem outro homem com estabilidade financeira e, resignado, Tora-san retorna para casa, para viver a mesma história no próximo filme.

Foram 48 filmes lançados em 27 anos, todos com o mesmo elenco principal. Na mostra do CCSP, será possível assistir a “Tora-San tira férias” e “O Resgate de Tora-San”. Além destes, estão programadas também as exibições das seguintes obras: “Família”, “Anos Dourados do Cinema”, “Meus Filhos”, “Em Busca do Arco-íris”, “Escola II”, “Escola IV” e “Crepúsculo Seibei – Samurai ao entardecer”.

Os filmes serão exibidos em suporte 35 mm com legendas em português. A idade recomendada é de 14 anos e a entrada é franca, porém é preciso retirar os ingressos uma hora antes de cada sessão.

Serviço:

  • O Cinema de Yoji Yamada
  • Onde: Centro Cultural São Paulo, Avenida Vergueiro, 1000 – Paraíso – São Paulo
  • Quando: De 12 a 17 de fevereiro
  • Quanto: Entrada gratuita. É necessário retirar o ingresso com uma hora de antecedência
  • Fone: (11) 3383-3402
  • Site: http://www.centrocultural.sp.gov.br

Programação:

12/2, terça-feira
16h – Família (Kazoku, Japão, 1970)
18h – Anos dourados do cinema (Kinema no Tenchi, 1986)
20h – Tora-San tira férias (Otoko wa Tsuraiyo - Torajiro no Kyujitsu, 1990)

13/2, quarta-feira
16h – Meus Filhos (Musuko, 1991)
18h – O Resgate de Tora-San (Otoko Wa Tsuraiyo: Torajiro Kurenai no Hana, 1995)
20h – Em Busca do Arco-íris (Niji o Tsukamu Otoko)

14/2, quinta-feira
16h – Escola II (Gakko II, 1996)
18h – Escola IV (Issai Gakkou IV, 2000)
20h – Crepúsculo Seibei - Samurai ao entardecer (Tasogare Seibei, 2002)

15/2, sexta-feira
16h – Escola IV (Issai Gakkou IV, 2000)
18h – Escola II (Gakko II, 1996)
20h – Meus filhos (Musuko, 1991)

16/2, sábado
16h – Em busca do Arco-íris (Niji o Tsukamu Otoko, 1996)
18h – Tora-San tira férias (Otoko wa Tsuraiyo - Torajiro no Kyujitsu, 1990)
20h – O resgate de Tora-San (Otoko Wa Tsuraiyo: Torajiro Kurenai no Hana, 1995)

17/2, domingo
16h – Crepúsculo Seibei - Samurai ao entardecer (Tasogare Seibei, 2002)
18h15 – Família (Kazoku, 1970)
20h – Anos dourados do cinema (Kinema no Tenchi, 1986)

Histórias do Japão, de José Arrabal

Neste ano muitos livros vão falar da imigração japonesa, permitindo-nos conhecer mais profundamente a história dos nossos ancestrais e a forma como ao Brasil alterou - e até melhorou - os hábitos culturais.
Navegando agora no site da LIVRARIA DA VILA encontrei este título:

Histórias do Japão
José Arrabal

o livro reúne, em prosa poética, alguns relatos tradicionais do xintoísmo e do budismo, lendas, fábulas e contos populares do Império do Japão.

Mais detalhes sobre o título
Ano da 1ª Edição: 2004
Prateleira: LITERATURA ESTRANGEIRA
ISBN: 8575960318 no. de páginas: 113
Editora: Peirópolis
Dimensão: 19x26

Resenha

Histórias do Japão é um livro de contos que une culturas e faz ponte entre povos. Com acentuada liberdade de invenção, suas narrativas e desenhos expressam sonhos, conflitos, traços e cores, estilos e feitios do imaginário e da arte do Oriente e do Ocidente. Escrito por José Arrabal e ilustrado pelo artista plástico Douglas Okasaki, o livro reúne, em prosa poética, alguns relatos tradicionais do xintoísmo e do budismo, lendas, fábulas e contos populares do Império do Japão.

Um grupo de 30 japoneses veio de Tóquio só para conhecer o sabor do beijo na Bahia

Nunca fui festeira no carnaval, mas passei a ter uma certa raiva quando morei no Japão. Um caminhoneiro, senhor geralmente muito educado e que almoçava no mesmo lugar que eu e umas colegas (umas senhoras, obasans mesmo) brasileiras e japonesas, viu as cenas dos desfiles do Rio na TV a cabo e no dia seguinte ficou nos perguntando se a gente também pulava carnaval sem roupa. Claro que subiu o sangue, achei que ia virar samurai! (risos)
Agora me deparo com uma notícia no G1 que diz: Foliões de Salvador perdem a conta de quantas bocas beijam
Até aí, qual a grande novidade, depois das danças funks de alguns anos atrás, beijar na boca é até comportado. (que horror!!!) Mas entrei na notícia para provocar um primo meu de Curitiba que está passando o carnaval lá e vejo esta foto os japoneses! Subiu o sangue de novo, claro!
Impossível os estrangeiros não nos verem como um país que serve para turismo sexual (aliás, turismo sexual no Brasil é um dos passeios favoritos dos atuais ex-combatentes do Iraque) e que não merece ser levado a sério.
Olhe só a linha da matéria que cita os japoneses:
Foto: glauco araújo/g1
Tomoko Maekawaza, Cochilo Quanda e Mutsumi Sugiyama vieram de Tóquio em busca de muitos beijos na boca (Foto: Glauco Araújo/G1)

Um grupo de 30 japoneses veio de Tóquio só para conhecer o sabor do beijo na Bahia. A vendedora Tomoko Maekawaza, de 22 anos, chegou em Salvador para curtir o carnaval e se gaba de já ter conquistado um brasileiro. “Baiano é bom. Beija muito e gostoso”, declarou.

E como desfazer a impressão que estes caras vão levar?
Reproduzo abaixo a matéria do G1 na íntegra.

Foliões de Salvador perdem a conta de quantas bocas beijam
Jovens dizem que não dá tempo de ficar contabilizando o número de parceiros.
Grupo de 30 japoneses, de Tóquio, veio para Salvador em busca de beijo.

A rapidez da abordagem e o clima de festa nas cordas dos blocos são desculpas que os jovens usam para beijar várias pessoas no carnaval de Salvador. O folião Valter Júnior, de 24 anos, conta que sua média varia de 25 a 30 meninas por dia.
Durante entrevista ao G1, Júnior disse que beijaria uma menina naquele exato momento. “Quer que eu pegue uma garota aqui e agora para você ver como é?”, questionou. Ele não teve dúvidas. Olhou para o lado e deu um beijo em Ana Naira, 22 anos, a primeira mulher que passava ao seu lado no circuito Campo Grande-Avenida. “A coisa é assim mesmo. As pessoas chegam beijando”, disse Ana.
Camila Dutra, 21 anos, fala que nem contou o número de rapazes que beijou durante este carnaval em Salvador. “Não dá tempo de pensar. É tudo muito rápido e, por isso, já perdi a conta”. Eliana Vaz, 28 anos, também não gosta de perder tempo e parte logo para o beijo. "Adoro beijar! Não penso em outra coisa", garante.

Nem tudo são beijos
O ato, apesar de prazeroso, pode esconder doenças como mononucleose, herpes e hepatite B, que são transmitidas pela boca. "Se eu pegar 'sapinho' só vou me preocupar com isso depois do carnaval. Agora tudo é festa", decreta Camila.
"As coisas acontecem tão rápido que não me preocupo se corro o risco de pegar doenças", garante o beijoqueiro Valter. Já Fernanda Reis, 25 anos, é enfática: "Não dá para ficar escolhendo as bocas!" Ela conta que já viveu tempos melhores em outros carnavais. “A fase não está boa! Hoje, só beijei três. Apesar disso, acho que está de bom tamanho”, palpita.

Gosto especial

Um grupo de 30 japoneses veio de Tóquio só para conhecer o sabor do beijo na Bahia. A vendedora Tomoko Maekawaza, de 22 anos, chegou em Salvador para curtir o carnaval e se gaba de já ter conquistado um brasileiro. “Baiano é bom. Beija muito e gostoso”, declarou.

Apesar do nome, o engenheiro Cochilo Quanda, 26 anos, disse que não quis saber de dormir no ponto em Salvador. “Eu também já ‘peguei’ uma baiana. Se fosse possível, a levaria para o Japão. Acho que é mais certo que eu venha morar em definitivo na Bahia”, comentou.

Quanda acredita que as pessoas no Japão têm o coração fechado. “No Brasil, as pessoas são mais legais e com coração totalmente aberto”, disse.


Duas musas japonesas no Carnaval de São Paulo

Ver duas "japonesas" (uma nikkei e uma nihonjin) entre as musas do carnaval 2008 me deixou contente. São do site G1.
Preconceitos, discussões sobre a conduta ou outros fatores eu deixo de lado, posto as fotos e cada um com sua opinião, ok? ;)

A Nihonajin Yuka-chan na Unidos de Vila Maria

A nikkei Sabrina Sato na Gaviões da Fiel

Carnaval de São Paulo homenageia imigração japonesa

Não assisti ao vivo nem na TV, porque sinceramente não sou muito fã de carnaval, mas encontrei agora no youtube imagens do desfile que homenageou o centenário da imigração. Posto abaixo:

Primeira parte

Segunda parte


No site da Globo.com tem uma matéria interessante, com direito a vídeo bem editado, mas só é possível assistir lá. O texto, no entanto, eu colo aqui:

(colagem sobre fotos de Marcos Ribolli, do site G1)

Com desfile imponente, Vila Maria homenageia imigração japonesa Escola levou para avenida carro em formato de samurai. Cores fortes e roupas feitas com tecidos vindos do Japão foram apresentados.
Isabela Noronha e Luísa Brito Do G1, em São Paulo

O mistério e a beleza da cultura japonesa foram mostrados em uma explosão de cores e brilho pela Unidos de Vila Maria, terceira escola a desfilar na primeira noite do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo.

A escola, que terminou a apresentação em 62 minutos, fez uma homenagem ao centenário da imigração japonesa, com o enredo “Irashai-Mase [bem-vindo, em japonês], Milênios de Cultura e Sabedoria no Centenário da Imigração Japonesa”.

A Vila Maria levou para a avenida uma mistura de cores fortes e fantasias cheias de detalhes, feitas com tecidos exclusivos vindos do Japão. Nem o presidente da escola, Paulo Sérgio Ferreira, escapou do traje japonês. Uma chuva de papel prateado fez o espetáculo visual ainda mais bonito.

Os 5 mil componentes entraram no Sambódromo do Anhembi com o rosto maquiado. O refrão "A bateria tá aí, vem ver" animou o público, que cantou junto com a escola. Uma chuva de papel prateado fez o espetáculo visual ainda mais bonito. Até o casal de mestre-sala e porta-bandeira, vestido com roupas com grandes plumas azuis, se apresentou com os rostos pintados.

Entre os destaques estava o carro alegórico em formato de um samurai. O abre-alas tinha uma imagem do tori, o portal sagrado da cultura oriental. Vários carros apresentavam bonecos que se movimentavam ao longo da avenida.

A escola foi tão atenta aos detalhes do desfile que até a pele dos tambores dos sambistas possuiam imagens de templos japoneses.

Outro trunfo da escola foi a rainha de bateria, Valeska Reis, de 22 anos, que também é a rainha do carnaval de São Paulo.

Caracterizado como uma gueixa, o drag queen Eudes tentava equilibrar a enorme "peruca" durante a concentração. “É uma roupa estilizada e desenhada para este carnaval”, explicou o carnavalesco da escola, Wagner Santos. Mas ele garantiu que a fantasia não é pesada. “É toda feita no strass e no arame vazado para não pesar”, disse.

Segunda colocada do Grupo Especial de 2007, a Unidos de Vila Maria traz para este desfile cinco carros alegóricos, número máximo permitido pela comissão julgadora. Cada um deles tem, em média, 50 metros de extensão. A exceção é o abre-alas, o maior carro levado ao Anhembi este ano, com 110 metros de comprimento.

Surpresa de madrinha

A madrinha de bateria da Unidos da Vila Maria, a dançarina japonesa Yuka Chan, de 36 anos, fez uma surpresa para o público.

Yuka estava vestida com um quimono e, quando a bateria recuou, ela tirou a roupa e ficou de biquíni. A dançarina mora em Taubaté, mas fica de quatro a cinco meses todos os anos no Japão. "Fiquei muito feliz em ter sido convidada porque gosto muito de samba e do Brasil", disse.

Ela já desfilou sete vezes em escolas de samba do Rio de Janeiro e, em 2003, saiu pela Rosas de Ouro. Para o desfile da Vila Maria, ela disse estar "ansiosa, mas não nervosa". A escola de samba tomou muito cuidado com os detalhes. Os integrantes da diretoria desfilam com blusas que imitam quimonos ou camisas de golas altas, no estilo japonês.

O carro abre-alas da Unidos da Vila Maria, chamado "Milênios de Cultura e Sabedoria", foi dividido na chegada da escola à dispersão para não atrapalhar a saída dos componentes. Com 110 metros, o abre-alas da Vila Maria foi um dos maiores carros entre todas as escolas do Grupo Especial.

Os integrantes da escola correram para retirar quatro grandes bonecos do carro, que saiu da avenida com 34 minutos de desfile.
Com o fechamento dos portões, os integrantes da escola começaram a comemorar aos gritos de “é campeã, é campeã”. O presidente da escola, Paulo Sérgio Ferreira, o Serginho, também estava confiante no título. “Eu acho que é a favorita, os outros que corram atrás”, afirmou.

Com quase 4.900 componentes, a escola fez um rígido controle do tempo para não perder pontos por atraso. Ao longo do desfile, dez diretores de cronômetro marcavam o tempo e se comunicavam via rádio para que as alas evoluíssem no tempo correto.

Dekassegui morre asfixiado em fábrica - Jornal Tudo Bem

Triste, muito triste!

Dekassegui morre asfixiado em fábrica - Jornal Tudo Bem

04.02.2008

O brasileiro Nelson Yataka Kawatake morreu asfixiado em um acidente de trabalho no Japão. O incidente, que ocorreu em meados de janeiro, se deu porque a roupa do operário ficou presa a pregos expostos em uma máquina rotativa de papel, que, então, o puxou.

João Roberto, filho de Kawatake, chegou sexta-feira 25 com as cinzas do pai, em Monte Sião, a 480 km a sudoeste de Belo Horizonte. O enterro foi feito no local, cidade natal da vítima.
Katawake morava no arquipélago havia 17 anos. Ele era filho de pais japoneses e tinha 13 irmãos. Deles, oito foram para o país dos seus ascendentes para trabalhar.

De acordo com a família, o brasileiro planejava voltar definitivamente ao Brasil dentro de dois meses. Ele tinha como objetivo usar o dinheiro que acumulou no Japão para cuidar de uma lavoura de café.

Perícia
O acidente ocorreu na noite do dia 24, na fábrica de papéis Sanko, localizada na cidade de Fuji (Shizuoka). Como o brasileiro estava sozinho no local, não se sabe exatamente como se deu a morte. Perícia realizada determinou o fato como acidente de trabalho. Com isso, mulher e quatro filhos deixados por ele terão direito a indenização.


Com a imigração, somos filhos de uma só nação

Irashai-mas é uma das frases em japonês que o samba da Unidos de Vila Maria canta neste ano. A escola de samba paulista, vice-campeã em 2007, aposta na imigração japonesa para faturar o título deste ano. A escola vai apresentar o enredo "Irashai-Mase, milênios de cultura e sabedoria no centenário da imigração japonesa". O desfile acontece hoje no Sambódromo do Anhembi em São Paulo.
Da letra, que posto abaixo, gostei de uma frase:

Com a imigração, somos filhos de uma só nação


Unidos de Vila Maria - Samba-Enredo 2008
Dão, Veia, Martins, Nando e Moleque Pára

"Irashai-mase, milênios de cultura e sabedoria no
centenário da imigração japonesa"

Estrelas vão brilhar
Vila Maria vai passar
Irashai-Mase a este povo do Oriente
Da terra do sol nascente

Abrem-se os portais
Das tradições, de uma cultura milenar...
Preservam seu jardim oriental e a arte de cultivar
Na religião, celebração, a cerimônia do chá
No Ocidente se tornou realidade
A conquista do tratado da amizade
E com a honra de um samurai guerreiro
Cruzou os mares rumo ao solo brasileiro

Pra massa toda aplaudir
A bateria ta aí... Vem ver

E vamos comemorar
O centenário brindar... Saquê

Em sua criação, gentileza tem rosto de mulher
Símbolos da sorte que anunciam devoção e muita fé
O shodô não se apagou!
A arte deu movimento à vida!
No plantio do algodão, ô terra boa que se planta dá
Na culinária, requinte em nossa mesa
Pratos com toque de beleza
A evolução da tecnologia
Dá asas a imaginação, presente em nosso dia-a-dia
Com a imigração, somos filhos de uma só nação
Arigatô a essa parceria
Brasil, Japão que alegria...

Preconceitos

Estava lendo agora um relato sobre ser negro e de classe média no Brasil e acabei lembrando de alguns preconceitos que os japoneses e seus familiares viveram aqui nestes 100 anos.

PROIBIÇÃO DAS COMPANHIAS DE IMIGRAÇÃO NO PARANÁ
Pouca gente sabe, mas no Paraná, onde nasci, há uma história de racismo contra os japoneses (e orientais no geral). Soube quando entrevistei Cladio Seto e Maria Helena Uyeda no lançamento do livro Ayumi, Caminhos Percorridos, um levantamento de todas as familias nikkeis que se estabaleceram no Estado até a década de 1950.
O governo da província optou por proibir a contratação de mão-de-obra japonesa quando as companhias de imigração chegaram ao Brasil no início do século XX porque consideravam que os japoneses eram nocivos porque se fechavam entre si e porque sua cor e tamanho não ajudavam no projeto de melhoramento genético da população da província do Paraná (à época recém separada de São Paulo). Os primeiros japoneses chegaram à região de Curitiba e posteriormente do Norte do Paraná a partir da década de 1930 já como proprietários de terras.

A IDENTIFICAÇÃO DAS CRIANÇAS
Quando criança eu sonhava com bonecas com cara de japonesinha ou com pele mais amarelada como a minha, com cabelos negros (não tinha, eram louras ou no máximo Susis de cabelos castanhos). Nem imaginava que chegaríamos às Puccas que agradam tanto as meninas japonesinhas (e outras tb) hoje em dia. E quando criança eu sofria preconceito na colônia por ser mestiça - e ainda sofro, sempre, por incrível que possa parecer!

AVIS RARA
Meu pai conta uma história de quando mudou para Porto Alegre, RS, em 1968, para assumir a subgerência do Banestado. Como não era nada comum orientais por lá, algumas pessoas iam ao banco para vê-lo e tinham a coragem de pedir para ele se podiam mostrá-lo para os filhos, chegando ao cúmulo de tirar foto (naquela época) para mostrar que tinham visto um japonês ao vivo. Ele fazia piada, dizendo que ia cobrar o ingresso, mas no fundo sempre contou esta história com certa tristeza.

SER MESTIÇA
Como minha mãe é descendente de alemães e nós saímos mestiços bem moreninhos, passei a infância sendo barrada em lojas e clubes quando estava com ela. Na adolescência chegamos a ouvir comentários maldosos quando andava de mãos dadas com ela na rua… pode? Pode, no Brasil tudo pode, as pessoas estão tão preocupadas com aparência e com a vida dos outros que se dedicam a pré-julgar a vida alheia o tempo todo. É um esporte nacional.