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Matsuri em Londrinha

160 mil nipônicos vivem no PR

A estimativa é de que vivam hoje no Brasil 1,3 milhão de nipo-brasileiros, formando a maior comunidade nipônica fora do Japão. No Paraná, o movimento migratório dos japoneses começou em 1914. Inicialmente, eles se fixaram em Cambará, Cornélio Procópio, Assaí e Uraí, na região conhecida como Norte Velho, e somente em meados da década de 1920 chegaram à região de Londrina.

Hoje, são cerca de 160 mil nipônicos no estado, sendo a maioria radicada no Norte e Noroeste do estado, nas regiões de Londrina e Maringá, segundo dados do Consu-lado Geral do Japão. Os descendentes correspondem a 1,55% da população paranaense.

Na década de 1980, com o aumento do desemprego no Brasil e a escassez de mão-de-obra nas indústrias nipônicas, iniciou-se o movimento dekassegui no Brasil, com a ida de milhares de brasileiros para o Japão, fazendo um caminho inverso ao percorrido pelos seus ancestrais no início do século 20. De acordo com a Associação Brasileira dos Dekasseguis, 312.979 descendentes partiram para o Japão a trabalho, em 2006. Anualmente, cerca de US$ 5 bilhões são enviados ao Brasil pelos dekasseguis.

Fusão entre o Oriente e o Ocidente

ANDYE IORE E SIMONI SARIS
Da Gazeta do Povo on line

Os japoneses que ajudaram a desbravar as terras vermelhas do Norte do Paraná fizeram muito mais do que contribuir para o progresso econômico da região. Aos poucos, os costumes cultivados pelos orientais foram deixando os núcleos fechados dos lares e hoje, as artes, a culinária e os costumes nipônicos foram incorporados pelos ocidentais. “A partir do momento em que os elementos da cultura japonesa são incorporados pelos não-descendentes, a cultura torna-se eterna. Temos a certeza de que não vai acabar”, comemora Mity Shiroma, que é coordenadora do Londrina Matsuri, festa japonesa que acontece anualmente em Londrina e já completa cinco edições.

Mity confirma que a aproximação do Oriente com o Ocidente geralmente se dá pela culinária, mas esse é só o primeiro passo para o contato com todos os elementos culturais do Japão. “Todo mundo é pego pelo estômago. Aqui, ninguém foge à regra.”

A comunidade nikkei em Maringá é formada por aproximadamente 20 mil pessoas. O principal ponto de encontro é no clube Associação Cultura e Esportiva de Maringá (Acema).

A colônia é exemplo de como é possível integrar culturas diferentes e da participação nipônica no desenvolvimento estadual como ações sociais (asilos), esportivas (beisebol, tênis de mesa, judô) artísticas (dança, canto, artes), gastronomia, agrícolas, políticas, entre outras. “Os setores com mais influência são a cultura e a gastronomia”, aponta o professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá

(UEM), João Fábio Bertonha. “Nunca vi uma cidade que come tanto sashimi e sushi como em Maringá.”

Japonês de coração, corpo e alma


Influência oriental está presente na cultura, gastronomia, política e economia do Paraná

por ANDYE IORE E SIMONI SARIS
Da Gazeta do Povo on line

O artista Antônio Luz dos Reis: inspiração oriental
O artista Antônio Luz dos Reis: inspiração oriental
Londrina e Maringá – A imigrante centenária Tidori Kinsu e o artista plástico Antônio Luz dos Reis, de 43 anos, têm mais em comum do que possa parecer. A mulher de 100 anos não conhece o desenhista, apesar de ambos morarem em Londrina, no Norte do Paraná. Mas Reis sabe tanto sobre o país de origem da senhora Kinsu como se ele próprio tivesse nascido no Japão.

Reis aprendeu a ser japonês ainda criança. “Comecei desenhando com amigos na escola quando tinha 7 anos. Via aqueles mangás e queria fazer igual”, conta o filho de família afrodescendente migrante baiana, que chegou ao Paraná no final da década de 1950. O artista plástico vive cercado de ícones da cultura nipônica. Em seu apartamento há objetos como o calçado de madeira geta, acessórios de samurai e pergaminho gohonzon. É fã do cinema oriental – os cineastras Shohei Imamura e Akira Kurosawa são os preferidos – e do teatro Kabuki. Uma de suas séries tem 15 gueixas, pintadas entre o final da década de 1980 e o início da de 1990.

Fotos: Gilberto Abelha/ JL
Fotos: Gilberto Abelha/ JL / Tidori Kinsu, imigrante japonesa de 100 anos: cultura preservada
Tidori Kinsu, imigrante japonesa de 100 anos: cultura preservada
Tidori Kinsu chegou ao Brasil em 1925, aos 19 anos, recém-casada e com um filho de 3 meses nascido a bordo do Kawatsu Maru, o segundo navio de imigrantes japoneses a aportar no país, seguindo o rastro do Kasato Maru, que chegara a Santos 17 anos antes. O sonho dourado no país ocidental foi mais difícil do que o esperado. Depois de passar pelo interior de São Paulo, o jovem casal chegou ao Paraná. A filha de Tidori, Suelo Kinsu Sato, conta a história da mãe, que ainda tem dificuldade para falar e entender o português. “Eles achavam que a vida aqui seria mais fácil. Todos falavam que no Brasil se ganhava bastante dinheiro, mas não foi bem assim. Meu pai teve uma grande decepção.” A falta de dinheiro e a dificuldade de adaptação à nova terra foram alguns dos obstáculos para criar os 14 filhos que tiveram. Sem contar a saudade de casa.

A história da separação familiar se repetiu anos depois. Atraídos pela oportunidade de trabalho, os filhos de Tidori voltaram à terra natal da mãe. Sueko ficou pouco tempo, mas a filha dela está no Japão há 15 anos. “A minha neta, de quase 14 anos, é japonesa nata. Uma das minhas irmãs também foi para o Japão há 16 anos e não pensa em voltar”, diz.

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Fusão entre o Oriente e o Ocidente

160 mil nipônicos vivem no PR

Histórias como a de Tidori contam também um pouco da participação dos imigrantes japoneses na colonização do estado do Paraná, em especial as regiões Norte e Noroeste. Em Maringá, pioneiros construíram trajetórias de trabalho e sucesso em diversos setores da sociedade. O empresário Takashi Suzuki, 84 anos, chegou ao Brasil aos 9 anos, junto com a família, atraída pela possibilidade de enriquecimento, que prometia ser rápido. “O que atraía os japoneses ao Brasil era a notícia de que havia uma árvore carregada de ouro [o café]”, lembra. A intenção dos japoneses era trabalhar por cinco anos e voltar ricos para casa. Mas a lida na lavoura rendia pouco dinheiro, e eles tinham dificuldades extras de adaptação, com hábitos, comida, idioma e até fisionomia diferentes dos demais imigrantes e dos próprios brasileiros.

Suzuki tem sua história registrada em nove folhas de papel escritas por ele mesmo no idioma oriental. “Já fui quatro vezes ao Japão. Visitar lá é bom, mas não existe lugar melhor para morar que o Brasil”, conta.
Fotos: Gilberto Abelha/ JL / Tidori Kinsu, imigrante japonesa de 100 anos: cultura preservadaLeia mais

Grupo de Trabalho sobre Comunidades Brasileiras no Japão

Do site do Ministério das Relações Exteriores

Este Grupo de Trabalho está incumbido de selecionar projetos que beneficiem a comunidade de 313 mil brasileiros que vivem atualmente no Japão. Uma lista inicial foi elaborada com o apoio da Embaixada e dos Consulados-Gerais do Brasil naquele país, com base em demandas já conhecidas da própria comunidade.

Novos projetos estarão sendo avaliados, levando em conta sua relevância para o melhor conhecimento daquela comunidade e de sua importância como elo humano das relações diplomáticas entre o Brasil e o Japão; para a preservação da identidade brasileira e união de seus membros; para o aperfeiçoamento de sua formação, educação, condições de emprego, previdência social, lazer, qualidade de vida e futuro profissional; e, de modo geral, para o reforço da percepção de que a comunidade brasileira no Japão contribui para o desenvolvimento daquele país.

O Coordenador do GT sobre a Comunidade Brasileira no Japão é o Ministro Eduardo Gradilone, do Ministério das Relações Exteriores. Propostas de projetos que atendam aos requisitos acima indicados poderão ser encaminhados ao coordenador do GT por intermédio do e-mail: gradilone@mre.gov.br.