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As origens de Maneki-Neko

Atualmente conhecido em todo o mundo como talismã da sorte e, particularmente, como talismã que atrai fregueses para casas comerciais, o Maneki-neko, o gatinho sentado que tem a patinha levantada, tem diferentes lendas a respeito de sua origem, conforme região do Japão. Esta é uma das versões do lado leste do Lago Biwa, na região central do Japão.

Conta a lenda que quando o lorde guerreiro Ii Naotaka (1590~1659) voltava do cerco e tomada do Castelo de Osaka, após ter comandado 3,2 mil homens e se destacado na Batalha de Tennoji, em março de 1615, surpreendido por uma chuva repentina, abrigou-se em baixo de uma árvore próximo do Templo Gotokuji, em Setagaya.

Gotokuji, na época, era um templo decadente, com pouca freqüência de fiéis e, portanto, muito pobre. No templo, vivia um monge budista e uma gata de nome Tama. Solitário, o monge conversava com a gatinha lamentando quase sempre a situação de penúria do templo.


Salvo pelo gato: raio atingiu a árvore no local em que Naotaka estava encostado

– A situação está cada vez pior. Hoje, nem temos arroz para comer. Bem que você podia dar uma ajuda para melhorar nossa situação, em vez de ficar dormindo o dia inteiro.

Esperando a chuva passar sob a árvore, Ii Naotaka olhou para o velho templo e viu um gato sentado sobre suas patas traseiras e acenando com a pata dianteira levantada. O samurai ficou encantado pela habilidade do bichinho e foi em direção do templo para ver de perto a façanha.

Quando Naotaka chegou junto ao templo, um raio fulminante atingiu a árvore exatamente no local em que ele estava encostado. O guerreiro imediatamente percebeu que aquele gesto do gato havia salvado sua vida. Então, entrou no templo para rezar em agradecimento à graça recebida.

No salão principal, havia várias goteiras, e todo o templo estava em condição lamentável. Naotaka fez oferenda de todo o dinheiro que carregava ao altar, comentando com o monge que a sabedoria de Buda iria usar aquele dinheiro para reformar o templo. Após esse episódio, Naotaka passou a freqüentar o Gotokuji, e o local tornou-se, então, o templo oficial da família de Ii Naotaka. Conseqüentemente, tornou-se um local próspero e visitado por todas as pessoas do feudo.

Para homenagear o gesto de Tama, que tanta sorte trouxe ao templo e salvou a vida de Naotaka, foi esculpido e colocado no local uma estátua da gata com a mão levantada. As réplicas em miniaturas da estátua, que eram distribuídas no Templo Gotokuji como lembrança, tornaram-se, mais tarde, amuleto da sorte, com o nome de Maneki-Neko.

Outra versão

História também bastante conhecida, surgida nos meados da Era Edo (1615~1868), conta que existiu, no bairro de Imado, em Edo (hoje Tóquio), uma velha senhora que tinha um gato de estimação. A velhinha estava em péssimas condições financeiras, porque, devido à idade avançada, não conseguia arranjar um trabalho para garantir seu sustento.

Numa determinada ocasião, a situação ficou tão crítica, que ela não tinha mais como alimentar seu gatinho. Então, conversando com o bichinho, disse:

– É com o coração partido que terei de abandonar você. Devido à minha condição de extrema pobreza, não tenho como continuar lhe alimentando.

Depois, com lágrimas nos olhos e barriga roncando, a velhinha foi dormir. Em seu sonho, o gato apareceu e disse:
– Molde minha imagem em barro, que trará muita sorte a você.

No dia seguinte, ela resolveu fazer uma estatueta do gato, conforme o sonho havia sugerido. Enquanto ela moldava o barro, o gato estava “lavando a cara” com gestos exagerados e, achando engraçado, a velhinha resolveu moldar o bichinho com a pata levantada. Nisso, passou uma pessoa em frente de sua casa e, achando interessante, quis comprar a estatueta. Como estava dias sem comer, a velhinha vendeu a estatueta e comprou comida para ela e o gato. Assim, de barriga cheia, resolveu fazer outra estatueta para deixar como talismã da sorte. Porém, apareceu outra pessoa e comprou a segunda estatueta

Quanto mais a velhinha fazia estatuetas, mais aparecia gente para comprá-las. Com isso, ela mudou de vida e nunca mais passou necessidades. E a estatueta da sorte passou a ser conhecida como Maneki-Neko.


Claudio Seto, 60 anos, foi ao Japão quando tinha nove anos para estudar no Templo Myoshinji, da seita Zen, em Quioto. Após três anos, prosseguiu seus estudos religiosos e de cultura japonesa em Kyushu, no monte Ehiko-san, no templo de mesmo nome, pertencente à seita Shugêndô. No período em que ficou no Japão, Seto mergulhou na história do Japão e aprendeu muitas artes como: haiku, tanka, shodô, kadô, kendô, ninjutsu, mangá, kyudô e bonsai. Ao voltar ao Brasil, com 17 anos, Seto trabalhou como argumentista e desenhista de história em quadrinhos em São Paulo, editor de revistas em Curitiba, chargista, ilustrador e editor. Atualmente trabalha também nos jornais Tribuna do Paraná e O Estado do Paraná. É editor do Jornal Garça da Sorte e da revista Planeta Zen.

Bushido no mundo dos negócios


Código de conduta dos guerreiros orientais promove sucesso diante das dificuldades do dia-a-dia

(Texto: Suzana Sakai/NB | Fotos: Divulgação)

Em um mundo de alta competitividade, no qual o sucesso nos negócios torna-se uma verdadeira questão de sobrevivência, um código de conduta milenar do oriente ganha destaque: o bushido.

Trata-se dos princípios de honra e vida seguidos à risca pelos guerreiros orientais e que garantia o sucesso em muitas batalhas.

Segundo o autor do livro O Samurai – A busca da iluminação pelo caminho da espada, Wagner Cunha, o código dos guerreiros orientais era motivado por três virtudes importantes na vida de um homem: honra, lealdade e valor. “Eles observavam a vida como um fluxo sucessivo de acontecimentos e jamais, sob hipótese alguma, maculavam sua honra”, afirma.

Estratégias

Tanto nas grandes batalhas como no mundo business, o planejamento estratégico é de suma importância. Conhecer o adversário é uma das táticas mais utilizadas pelos empresários e que foi muito aplicada pelos samurais. No entanto, diferente do mundo dos negócios, os guerreiros orientais prezavam muito seus princípios éticos. O respeito com o próximo, a confiança estabelecida pela palavra, garantiam a eles o sucesso nas batalhas.

O autor do livro Gambaru – O poder do esforço e da perseverança, Cláudio Ayabe, afirma que um dos princípios mais importantes do bushido era honrar a palavra empenhada. “Para um guerreiro, falar e fazer eram a mesma coisa. Portanto, cumprir uma promessa era uma boa estratégia”, argumenta.

Ayabe ressalta ainda que em um mundo moderno e tão carente de ética, as empresas prosperariam muito mais se pudessem contar com homens mais honestos. “O que faz um ser humano subir na vida, entre outras coisas, é a confiança, a credibilidade”, explica.

Um caso na prática

Quem acredita que o bushido é um código que funciona apenas na teoria pode se surpreender ao descobrir que um dos grandes impérios industriais do planeta emergiu por meio do código de conduta dos guerreiros orientais.

O fundador da Matsushita Eletric, Konosuke Matsushita, estabeleceu alguns princípios, baseados no bushido, para a administração de sua empresa. Como resultado, um negócio familiar, que contava com apenas dois empregados, expandiu-se para o mundo inteiro, com 300 companhias e mais de 250 mil empregados.

Desde o começo de sua empresa, Matsushita deu evidência a qualidade no atendimento ao cliente e a eficiência e qualidade na produção.

Entre os princípios adotados na Matsushita Eletric, destacam-se a observação dos detalhes, o conhecimento tácito e a disciplina constante na educação, fatores marcantes no código de conduta dos samurais.


O exemplo japonês

Muitos leitores devem se perguntar como o bushido, um código tão antigo, pode se expandir pelo mundo e tornar-se um verdadeiro guia para o mundo dos negócios. A resposta é simples. Basta observar o processo de recuperação do Japão após a Segunda Guerra Mundial.

O país, até então praticamente destruído, conseguiu se recuperar e ainda se transformou em uma grande potência de forma razoavelmente rápida. Esse eficaz processo de recuperação atraiu muitos olhares que, a partir de então, começaram a conhecer o código de conduta dos guerreiros orientais, cujos princípios motivaram os japoneses mesmo após os ataques nucleares.

Cunha considera a reconstrução do Japão como o maior exemplo de aplicação do bushido. “O país foi reconstruído conforme os preceitos disciplinares do povo japonês até se tornar a segunda maior potência mundial. O espírito do povo japonês é indomável, eles não desistem”, conta.

Ayabe concorda. “O Japão tornou-se a segunda maior economia do planeta em menos de 30 anos, graças ao espírito de luta que foi herdado dos guerreiros.”


O bushido em sua vida
Questionados sobre como o bushido pode ser aplicado em nosso dia-a-dia os autores Claudio Ayabe e Wagner Cunha apontaram algumas práticas que podem ser aproveitadas no cotidiano. Confira o quadro comparativo.

Claudio Ayabe
Wagner Cunha
Trabalho
Um guerreiro é muito frio. No trabalho, seja racional, frio como a neve. É preciso concordar quando é certo concordar e discordar quando é certo discordar, acima de qualquer coisa prevalece à razão sempre. Um guerreiro tem perseverança para não desistir jamais, por mais difíceis que sejam os problemas cotidianos, e disciplina para seguir as metas pretendidas, independentemente das dificuldades com as quais vier a se deparar.
Relacionamentos

Um guerreiro é carismático. Não adianta falar vários idiomas e fazer muitos cursos, se não tiver carisma. Sem carisma, jamais a pessoa será um líder de verdade. Um guerreiro é honesto e íntegro para não se corromper durante o caminho, qualquer que seja a situação ou a privação que esteja enfrentando.
Conduta
Um guerreiro é muito calmo. Controle suas emoções. Gritaria, arrogância e grosseria são sinais que indicam imaturidade. Um homem realmente maduro é sempre calmo e sereno. É “sangue-frio mesmo em situações complicadas. Um guerreiro possui uma boa conduta para não manchar a sua honra, elevar o nome da sua família, servir de exemplo e viver sua plena verdade.
Sentimento
Um guerreiro é muito sincero. Não se ilude com resultados passageiros. Somente um trabalho feito com sinceridade produz a realização pessoal e a felicidade. Um guerreiro também é justo. Respeita quem estiver em situação inferior e trata com admiração quem estiver em situação igual ou superior. Jamais tira proveito das pessoas. Um guerreiro possui sentimento de lealdade para não trair seu próprio coração, as suas crenças e jamais deixar de observar a sua verdade. Um guerreiro é corajoso para tentar e não desistir jamais, a fim de realizar todos os seus projetos.

Aprenda mais sobre o bushido
O código de conduta dos guerreiros orientais é alvo de diversos pesquisadores, que frequentemente publicam livros sobre o tema. Alguns tornaram-se bastante famosos, servindo inclusive como guia no mundo dos negócios. Confira algumas ficas de leitura:

• O Código Samurai: O livro é considerado como leitura obrigatória para empresários, executivos e investidores. A obra retrata a reconstrução do Japão após a Segunda Guerra Mundial e a transformação em grande potência através da utilização do código de conduta dos samurais.

• O livro dos Cinco Anéis: A obra traz estratégias escritas pelo famoso samurai Miyamoto Musashi.

• A Arte da Guerra: Trata-se de um dos mais famosos livros sobre a sabedoria oriental. A obra traz um manual de estratégias utilizado pelos guerreiros chineses.


Jardins Japoneses: Nihonteien



Convivência dos japoneses com a natureza possui tanto tempo quanto a própria civilização

(Fotos: Divulgação)

Os tradicionais jardins japoneses constituem um dos pontos representativos da cultura nipônica, sendo reconhecidos por sua beleza e complexidade singulares em qualquer parte do mundo.

Os jardins japoneses, como os conhecemos hoje, construídos a partir de diversos conceitos estéticos e religiosos, tiveram sua origem a partir do período auge da aristocracia japonesa, a Era Heian (794~1185). Mas, na verdade, a convivência dos japoneses com o manuseio da natureza possui tanto tempo quanto a própria civilização. Desde a pré-história do arquipélago (Era Yayoi, 300a.C.~300d.C.), quando o homem primitivo tomou consciência da agricultura, fixando-se em pequenas vilas, a disposição da paisagem natural passou a influenciá- lo e por ele ser influenciada. Como resultado desse processo, os jardins expressam a relação do homem com a natureza, a qual foi sendo concebida e aprofundada, com o passar do tempo, por meio de conceitos espirituais, estéticos e intelectuais.

A jardinagem concentra concepções religiosas

Para que se entenda o real significado desse tipo de jardim, é necessário que se compreenda a peculiar relação dos japoneses com os elementos da natureza, uma vez que, para eles, além de ser a origem da vida e da terra onde vivem, a natureza também compreende a morada das divindades (kami). Segundo a crença religiosa japonesa, o Xintoísmo (Shinto) define a origem do Japão e de seu povo por meio de divindades que controlam a vida e as forças naturais (a história da formação do Japão e de seu povo foi concebida a partir da compilação de mitos antigos denominada Kojiki, ou Relatos de Fatos do Passado). Dessa forma, localidades exóticas como cachoeiras, árvores anciãs ou grandes rochas, representações muito freqüentes na arte da jardinagem, podem ser consideradas sagradas, por simbolizarem a morada das divindades naturais.

Ideogramas e Significados


niwa

sono

Teien

As palavras que, na língua japonesa, costumam ser mais usadas para denominar “jardim” são niwa e sono, ambas registradas pela primeira vez em literatura na primeira compilação poética japonesa, do início do século VIII, chamada Man’yôshû. O primeiro ideograma denomina um território não controlado pelo homem, de característica mais natural, e o segundo um território cercado, uma natureza de característica mais controlada. O interessante é que ambos os ideogramas podem ser usados juntos, tomando a pronúncia chinesa Teien, que siginifica não apenas a palavra “jardim”, mas também expressa um conceito básico da arte da jardinagem: o equilíbrio entre a beleza natural e aquela construída pelo homem.

A jardinagem, como uma arte propriamente dita, foi introduzida ao Japão pela China e Coréia, nas Eras Asuka (552~710) e Nara (710~794), períodos marcados pela grande importação de conceitos religiosos e culturais. Essa importação ocorreu por meio da vinda ao Japão de alguns especialistas nessa arte, como o imigrante coreano Michiko Takumi, citado na compilação histórica Nihon Shoki (Crônicas do Japão, datada do início do século VIII), como um artista que construiu um jardim no Japão no século VII, chamando a atenção do povo japonês para a beleza dessa arte.

A jardinagem que concentra concepções religiosas e intelectuais passou a se desenvolver a partir desses períodos, tomando diferentes significados e formatos. Na edição 411, veremos uma pequena descrição histórica dos principais tipos de jardins, seus conceitos de construção e significados.




Esse tipo de atividade possui mais de mil anos de desenvolvimento

Convivência dos japoneses com a natureza possui tanto tempo quanto a própria civilização

(Foto: Divulgação)

A arte de se criar jardins, introduzida ao Japão por volta dos séculos VI ou VII, por meio de imigrantes chineses e coreanos, tomou forma e conceitualizações mais definidas durante os tempos áureos dos palácios da aristocracia da Era Heian (794~1185). Seus jardins eram construídos na parte sul da propriedade (nantei) e a sua principal característica era o grande espaço aberto, normalmente coberto com areia branca, parte pela limpeza estética proporcionada por esta, e parte para facilitar uma grande variedade de eventos realizados pelos aristocratas, como recitais de poesia e torneios de arco e flecha. Contudo, o que mais chama atenção neste tipo de jardim é a presença de uma grande lagoa com uma ilha no centro. Esta ilha era ligada às extremidades por pontes. De fato, como é possível se ver na literatura, naquela época, uma das palavras para a denominação “jardim” era shima (ilha). E como essas lagoas também eram utilizadas para passeios em pequenas embarcações, esse tipo de jardim é conhecido atualmente como Chisen Shûyû Teien, ou Jardim de passeio na lagoa.

Histórias e fábulas

Mais tarde, o idealismo da Era Heian tornou-se realidade. Durante as Eras feudais de Kamakura (1185~1333) e Muromachi (1333~1568), os jardins mais construídos no Japão eram aqueles provenientes dos conceitos do Zen-Budismo. Estes são chamados de kare-san-sui (literalmente, seco-montanha-água), nome que alude à composição deste jardim, que cria um cenário metafórico de montanhas e águas (rios ou mares), sem que nenhuma água real seja utilizada. A areia do chão é varrida, representando o fluir das águas, e as pedras dispostas de forma que remetam a montanhas. Esse tipo de jardim, normalmente possui uma extensão pequena, não sendo próprio para que se passeie por ele, mas sim para que seja explorado mentalmente. Muitas fábulas Budistas podem ser transmitidas pela disposição de seus componentes e sua confecção e manutenção é, geralmente, tida como um exercício de meditação para os monges Zen, os quais consideram manter o jardim limpo e organizado um meio de manter a alma pura e concentrada.

Durante o fim da Era Muromachi e toda a Era Azuchi Momoyama (1569~1600), a construção de outro tipo de jardim se tornou comum: o jardim voltado para a cerimônia do chá. Com o desenvolvimento desta prática e sua constante realização pelos guerreiros e aristocratas, um tipo de jardim que configurasse apropriadamente as casas de chá se tornou necessário. Dessa forma, o jardim do chá, ou roji (caminho), é famoso por ser encontrado na entrada das casas de chá. Suas principais características são as pedras no chão, que demarcam o caminho da rua à casa (tobi-ishi), e as luminárias de pedra (ishidôrô), ambos elementos típicos da jardinagem japonesa. Esse tipo de jardim tinha como objetivo preparar psicologicamente seu visitante para a prática do chá, pois é um caminho que o acalma e o concentra até a entrada no estabelecimento.

Cultura e beleza

Durante a Era Edo (1603~1867), houve uma grande urbanização do país e algumas pessoas melhores colocadas socialmente passaram a viver em cidades (chônin). Por isso, a construção de amplos jardins foi se tornando impossível, e a arte da jardinagem acabou sendo levada para dentro de casa. Os chamados jardins tsubo (uma medida de espaço de 3,3 metros), pois concentravam toda a beleza e a conceitualização dos grandes jardins num espaço restrito, dentro de um cômodo aberto, são resultado desses fatores. Sua principal característica é a concentração de diversos elementos de tipos anteriores de jardins, para a apreciação visual e a ponderação mental por parte de seus apreciadores, sejam eles os donos do jardim, seus convidados ou clientes. Além disso, ostentam cultura e beleza.

Embora tenhamos nos restringido apenas a esses tipos de jardins, há diversos outros jardins japoneses, pois esse tipo de atividade possui mais de mil anos de desenvolvimento e sua beleza e complexidade são amplamente estudadas e apreciadas por curiosos de todo o mundo..


Colaboradoras: Pedro Ferreira Perrenoud Marques
Revisão: Profa. Dra. Junko Ota
Coordenação: Koichi Mori.
Crédito: Bolsistas de Toyama 2005/2006, curso de Língua e Literatura Japonesa (FFLCH/USP).
Tel.:
(11) 3091-2426 (secretaria), 3091-2423 (biblioteca)
Assessoria técnica: Patrícia Izumi. Centro de Estudos Japoneses/USP.
Site: www.fflch.usp.br/dlo/cejap

Undokai do Junshin

Meus filhos participavam de undokais quando estudaram na escola Junshin, em Curitiba.
Achei uma matéria do undokai deste ano. Que saudade!

Undokai do Junshin atrai todos os públicos
(5/14/2007 11:41:00 AM)

Nikkeis, não-descendentes, pais, alunos, idosos, pessoas ilustres e até o vice-cônsul do Japão: tinha lugar para todo mundo no undokai, gincana esportiva e recreativa anual, realizado pela escola Junshin no último domingo, dia 06, na própria sede da instituição, no bairro Pilarzinho, em Curitiba.

Ao contrário da grande maioria dos undokais realizados no Paraná - que são promovidos pelas associações de nikkeis - o evento do Junshin se assemelha muito com as gincanas originais japonesas, que são organizadas por escolas. No caso do Junshin, toda a estrutura e organização remetem aos moldes nipônicos, produto dos esforços das irmãs da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria de Nagasaki, que administram a escola desde 1983. A organização, aliás, é considerada o diferencial do evento, pois os participantes (em geral alunos da escola) ensaiam as atividades esportivas do undokai até três semanas antes da gincana. “Fazemos alguns treinamentos com os alunos, para que não ocorram problemas”, conta a irmã Cecília Yayoi Umezaki, que trabalha há 22 anos no Junshin. De acordo com a irmã Cecília, as apresentações musicais, mais trabalhadas, são ensaiadas desde o início do ano letivo. “Só as atividades com os pais que não treinamos antes, mas ensaiamos com os alunos e pais voluntários para ajudarem na realização das provas”, afirma. Além dessas apresentações, o undokai da escola conta também com as atividades comuns aos undokais da comunidade.

Até mesmo o vice-cônsul do Japão no Paraná, Toshinori Matsushiro, que assumiu o consulado interinamente, pôde ser visto se divertindo com seus filhos, também alunos do Junshin. Depois de fazer o discurso na abertura das atividades, quando ressaltou a importância dos undokais para a preservação da cultura e integração da comunidade nipônica, o representante aproveitou para se divertir participando das provas de corrida e, no horário de almoço, jogar beisebol com seu filho, algo muito característico das famílias japonesas.

“Pai mais antigo” – Dentre as várias famílias presentes, uma se destaca pela presença constante nos undokais do Junshin. É a família Uesu, que participa da gincana desde 1983. O médico Jorge Uesu conta que é o pai que está há mais tempo no Junshin. “Tive quatro filhos, e todos estudaram no Junshin, então sempre participamos”, diz o médico, que agora acompanha a caçula, Sílvia Uesu, nas provas. Uesu conta que, quando criança, só ouvia falar dos undokais do Japão, e ver um era um sonho. “Os undokais passam valores como disciplina, solidariedade e companheirismo”, diz o médico, que completa: “Tinha vontade de mostrar este undokai para outras pessoas, não-descendentes e funcionários de empresas, pois é um bom exemplo a ser seguido”.

Muita confraternização no Undokai do Nipo Piracicaba

Acabo de encontrar esta postagem simpática no blog Folha Obara.

psoatado em Agosto 8, 2007

Patrícia Kondo

Muita disposição!Cinco de agosto de 2007, nove horas da manhã. O clima estava favorável e o quinto Undokai na Sede Campestre, em Piracicaba, se iniciou. A corrida de 50 metros para crianças de até cinco anos é o presságio de um dia agradável e divertido, reflexo do empenho da organização, que durante as semanas anteriores realizaram a busca de patrocínios para as prendas, preparo do campo e dos alimentos.

A gincana poli esportiva familiar tem o objetivo de integrar as pessoas. O espírito de união mostra que durante as atividades a prioridade é participar honestamente e aproveitar o momento. “É um meio de unir a família nipo brasileira”, afirma Rudney Ribeiro, responsável pela preparação do evento.

O Undokai de Piracicaba tem suas particularidades. Além das provas tradicionais, o Nipo inovou este ano com a Prova Shinai, onde os participantes pegavam um shinai (espada utilizada na prática de Kendo) e tinham que estourar, em duas tentativas, uma bexiga pendurada em um boneco com as roupas de Kendo. Ainda, houve demonstrações de softbol e apresentação de Bon Odori. Outro destaque é que, desde o ano passado, não existe a brincadeira do cabo-de-guerra. Ao invés disso, tem a “corrente da paz”, em que a corda permanece no chão e as duas equipes que puxariam a corda trocam presentes. “É uma maneira simbólica de dizer não a guerra e a violência”, explica Ribeiro.

Em meio à agitação, o diretor de karaokê, Pedro Mizutani já pensava no próximo ano.Tradição do Undokai “Além do tradicional Undokai vamos trazer o Festival Tanabaka para Piracicaba. Vamos aproveitar a comemoração do centenário da imigração para difundir a cultura japonesa na cidade”. O festival vai contar com música, dança, taikô, artes marciais e stands culturais, confirma Mizutani.

Para agüentar todas as atividades que aconteceram até às 17h, havia barracas que vendiam obentou, cuscuz, pastéis, sorvetes (inclusive de caipirinha), doces e salgadinhos japoneses, e bebidas. O Undokai, que também recebe o prestígio das colônias japonesas vizinhas - como Limeira, Rio Claro e Americana, contou com aproximadamente 1.000 pessoas que prestigiaram o evento. “Eles comparecem nas atividades que promovemos aqui, e nós nas deles”, afirma Ribeiro, que vê nisso a importância de um intercâmbio entre as colônias, na luta para preservar a cultura oriental.

Curiosidades
Segundo Francisco Noriyuki Sato e Cristiane Sato, do site www.culturajaponesa.com.br, a origem do Undoukai se deu em 1874, sob orientação de um instrutor inglês. Entre as atividades havia a “perseguição ao porco”, prova na qual vencia o rapaz que conseguisse pegar um suíno coberto de banha com suas próprias mãos.

Porém a expressão “Undokai” só foi utilizada pela primeira vez em 1885. As atividades de Undokai, dos imigrantes japoneses começaram mesmo antes da chegada ao Brasil. Durante a viagem até as terras brasileiras, foi realizado um Undokai dentro do próprio navio Kasato Maru, em 1908. Outra curiosidade é que, no Japão, os eventos de Undokai fazem parte do calendário escolar das crianças. Em geral, são realizados no mês de outubro, quando também é comemorado o dia dos esportes.

Festival reúne artistas japoneses e grupos locais

do Paraná Shimbun - 14/7/2007

Danças modernas e tradicionais, músicas folclóricas, cantores contemporâneos e até referência aos desbravadores do Estado. A noite japonesa do 46º Festival Folclórico e de Etnias do Paraná, realizada no teatro Guaíra, no dia 5, trouxe diferentes apresentações para agradar a todos os públicos.

A principal atração foi a cantora japonesa Yumi Inoue, que participou pela segunda vez do show anual. A cantora, que está em sua 9ª visita ao Brasil, ficou conhecida entre os nikkeis após cantar em importantes eventos de São Paulo e viajar por várias cidades do país. Para ela, Curitiba é sua cidade brasileira favorita. “É uma cidade bonita, diferenciada, assim como as pessoas que moram aqui”, disse Yume Inoue. “Me sinto honrada em participar de um festival de grande importância como este e espero voltar no ano que vem”, afirmou.

Outra participação prestigiada foi a da dupla de dançarinas japonesas Tangue Setsuko e Hanayagi Ryuchita, consideradas autoridades na dança japonesa. Mesmo morando em São Paulo, as artistas já fizeram várias apresentações no Guaíra, tanto em conjunto como com coreografias ensinadas para o grupo de odori do Nikkey Clube. “Gosto sempre de vir para cá, principalmente porque as pessoas do grupo são muito dedicadas”, elogiou Ryuchita, que já participa do Guaíra há 17 anos e, há dez, trouxe a amiga Tangue Setsuko para se apresentar no Festival. Desde então, as duas são presenças constantes. “O show tem melhorado bastante, as roupas e as danças estão sempre mais bonitas”, contou Setsuko que, no entanto, mostra um descontentamento com o público. “Todas as pessoas se esforçam, o espetáculo exige muitas despesas, e eu gostaria que as pessoas compreendessem e prestigiassem”, afirmou a professora de dança.

Os jovens também tiveram destaque no Festival, demonstrando, nas apresentações de Taikô e Yosakoi Soran, muita habilidade e destreza. Além das apresentações dos grupos tradicionais de Curitiba, como o Wakaba e o Akabeko, o Festival teve ainda a presença do grupo Castro-ren, que apresentou a dança yosakoi soran na versão Tropeiro, uma referência aos viajantes que ajudaram a fundar a cidade de Castro, que inspirou o nome do grupo. Segundo o coordenador geral do evento, Yuichi Oshima, apesar de não ter a intenção de trazer grupos de fora da cidade, o trabalho feito no grupo de Castro merece destaque e reconhecimento. “É um grupo que não tem nenhum nikkei e é composto apenas por crianças carentes, mas que não tem espaço para se apresentar”, justificou Oshima.

Além dos grupos de dança e taikô, o Festival teve também apresentações do coral infantil da Escola Junshin e do coral da Seicho-no-Ie, assim como números de karaokê acompanhados pelo som da banda Nipson, do Nikkey Clube.

Público – Apesar do grande número de apresentações, o público ainda não foi o esperado. O coordenador geral do evento, Yuichi Oshima, informou que com o aumento de jovens o número de pessoas que prestigiam a apresentação está crescendo, mas o objetivo é atrair ainda mais pessoas. “É curioso, porque todos os que assistem elogiam bastante, mas os artistas encontram dificuldade na hora de vender”, diz o coordenador. Para Oshima, o que falta é uma divulgação para pessoas de fora da colônia. “Em qualidade, não perdemos para nenhum outro espetáculo, o que falta é procurar pessoas de fora que comprem os ingressos”, avaliou. É o caso da estudante Simone Miranda, de 18 anos, que foi pela primeira vez assistir ao Festival e aprovou. “Fui para ver o taikô e achei tudo muito legal”, afirmou.