Oportunidades que vão além das fábricas

Estudantes estrangeiros encontram no Japão chance de se aprimorar no mercado de trabalho
Do ipcdigital.com
O Japão tem ampliado o leque de oportunidades de trabalho disponíveis para a crescente comunidade estrangeira no país, diferente do tradicional destino das fábricas adotado por boa parte dos brasileiros que imigraram nos últimos anos. A prova disso é que o número de estudantes de outros países que foram empregados por companhias japonesas bateu recorde em 2006, segundo o Bureau de Imigração do Ministério da Justiça. No ano passado, 8.272 estrangeiros encontraram emprego fixo no Japão, o que dá um aumento de 40% em relação ao exercício anterior.
Essa abertura de mercado não está passando despercebida por brasileiros como Leandro Teixeira, 27, que em 2005 saiu de Minas Gerais para fazer mestrado na área de engenharia de materiais no Japão e hoje tem um contrato com a multinacional Mitsubishi. “Na época, deixei meu emprego porque fiquei interessado em uma pesquisa que estavam desenvolvendo na Universidade de Tokyo, sobre a minha área de estudo. A Mitsubishi é uma das patrocinadoras desse projeto”, detalha o estudante, que no futuro pretende voltar ao Brasil para aplicar o que está aprendendo no país. Segundo Leandro, atualmente não há tecnologia suficiente sobre seu tema de pesquisa no Brasil.
De acordo com o ministério, cerca de 70% dos estrangeiros que foram contemplados com um contrato em terrritório nipônico, em 2006, encontraram vagas de trabalho nas indústrias, em setores como comércio exterior e negócios. Nas empresas que lidam com informática, essa quantidade chegou a 1.140, enquanto 479 pessoas obtiveram trabalho em instituições educacionais.
“Quando cheguei, havia discriminação contra estrangeiros e não tinha demanda nas empresas. Agora é diferente”, destaca Robson Hayashida, 31, que chegou ao Japão em 1996 para fazer o colegial técnico e acabou se graduando em engenharia da computação, para posteriormente obter o título de mestre pela Universidade de Tokyo.
Atualmente, Hayashida trabalha para uma companhia inglesa que atua em pesquisas sobre células-tronco, a ABCAM. Antes de ingressar no atual emprego, ele também foi funcionário da empresa japonesa NEC. “Penso em voltar para o Brasil no futuro, mas para abrir meu próprio negócio”, acrescenta.
Os brasileiros representam hoje a terceira maior comunidade estrangeira do Japão, com cerca de 312 mil pessoas - o equivalente a 15% dos residentes de outras nacionalidades. No entanto, quase 90% das vagas de trabalho disponíveis para estudantes são aproveitadas por profissionais de nacionalidade asiática, segundo o Bureau de Imigração.
Os chineses foram os mais bem-sucedidos nos pedidos de troca de visto no ano passado, cerca de 6 mil ao todo - o que representa um crescimento de 43,3% em relação ao ano de 2005. Em seguida estão os sul-coreanos (944) e taiwaneses (200), que obtiveram altas de 26,4% e 19%, respectivamente.