Saiba como proceder em casos de emergência no Japão
A primeira regra para enfrentar qualquer imprevisto que ofereça risco é manter-se calmo e afastar o pânico, que pode agravar a situação
Os imprevistos podem aparecer para qualquer pessoa e a qualquer hora, mesmo tomando os devidos cuidados. Muitos brasileiros no Japão já devem ter se envolvido em acidentes de trânsito, ou mesmo estar perto de alguém que começou a passar mal subitamente e precisou ser internado às pressas. São situações que trazem pânico e nervosismo e, em função disso, muitas pessoas não sabem o que fazer nesses casos. Quando se trata de um terremoto ou de um incêndio, por exemplo, o desespero aumenta ainda mais.
O ideal é sempre manter a calma e estar preparado para qualquer incidente. Como? Aprendendo sobre as providências a tomar em cada situação. Ser otimista é uma boa característica, mas ser radical a ponto de achar que nada vai acontecer de ruim pode ser prejudicial nessas horas. Confira o guia que o jornal Tudo Bem preparou para tirar as principais dúvidas em casos de emergência:
Internação– Se alguém da família, parente ou amigo começar a passar mal repentinamente, a primeira providência a tomar é chamar uma ambulância através do número 119.
– Se o caso não for muito grave, o paciente pode ser levado ao hospital no próprio carro da família.
– À noite ou nos finais de semana, é preciso verificar antes quais são os hospitais que estão de plantão. Por isso, é sempre bom ter a tabela de plantão que pode ser encontrada nos hospitais e órgãos públicos de saúde.
Acidente de Trânsito– Existem duas providências a serem tomadas. Uma é chamar a polícia (com a ambulância, se houver feridos) e outra é acionar a seguradora (se o carro tiver seguro opcional). Fugir só irá causar mais problemas e a certeza de ser processado por negligência.
– Verifique as condições de segurança do local. Se o acidente acontecer em uma rua movimentada ou uma rodovia expressa, utilize o bastão de alerta (hatsuentou) que todo motorista é obrigado a carregar no carro. O bastão, de cor vermelha, emite fumaça e brilho por mais de cinco minutos e serve para alertar os motoristas de outros veículos. O acessório tem prazo de validade e deve ser trocado após o vencimento.
– O causador de um acidente pode sofrer dois processos:criminal e cível. O primeiro acontece se a polícia achar que houve irresponsabilidade. O motorista pode ir preso, ter a carteira de habilitação apreendida e ir a julgamento. O juiz também pode determinar uma multa.
– O processo cível corre em paralelo e normalmente é movido pela vítima ou por sua família. O acordo entre as duas partes deve ser feito o mais rápido possível porque a boa vontade do motorista pode interferir positivamente na avaliação do juiz.
– O valor da indenização depende de alguns fatores. Em caso de morte, o cálculo é feito a partir dos salários que a vítima receberia se trabalhasse até a velhice, (a média de idade é de 70 anos, incluindo aposentadoria). Como o valor é muito alto, se a pessoa não tiver o seguro opcional terá de trabalhar por um longo tempo apenas para pagar a indenização.
Incêndio- Para acionar o Corpo de Bombeiros, ligue para 119 (de qualquer lugar do Japão) e diga em japonês “kaji desu” (é um incêndio), seguido do endereço. O mesmo número serve para chamar a ambulância. Diga “kyukyu desu” (é uma emergência), acrescentando seu nome, endereço e telefone. Em caso de telefones públicos, não é preciso utilizar moedas ou cartões.
– Nos prédios, acione o alarme de emergência localizado nos corredores ou nas proximidades da escada e do elevador.
– Grite bem alto “tasukete” (socorro) para que os vizinhos possam ouvi-lo.
– O extintor de incêndio pode apagar pequenos focos. Mas se o fogo já estiver atingindo o teto, abandone o local imediatamente. Ao sair, feche a porta e, caso estiver em edifícios, utilize a escada.
– Se presenciar desmaios, verifique se a pessoa está respirando. Se não, tente fazer respiração boca-a-boca enquanto aguarda a chegada da ambulância. Aperte o nariz da vítima e sopre uma vez a cada cinco segundos. Se a pessoa não apresentar batimentos cardíacos, tente reanimá-la colocando as palmas das mãos sobre o tórax e pressionando-o em seguida em ritmo cadenciado. Para cada respiração boca-a-boca, faça cinco vezes o movimento de pressão sobre o tórax.
TERREMOTO– Não saia de casa afobadamente. É importante se proteger primeiro. Entre debaixo de uma mesa. Se estiver usando o fogão, desligue o gás imediatamente. No entanto, se sentir que há perigo, não faça questão de desligá-lo.
– Abra a porta de entrada e prepare o caminho de saída.
– Verifique a segurança da família.
– Verifique se há focos de incêndio. Se houver algum, tente apagá-lo.
– Nunca ande descalço, para evitar ferimentos provocados por objetos perigosos encontrados no chão de sua casa.
– Por causa dos abalos secundários, coloque um capacete, capuz anti-desastre ou, se não tiver, enrole uma toalha para proteger sua cabeça.
– Peque a sacola de emergência que deve estar previamente arrumada, com passaporte, cartão de identificação de estrangeiro (gaijin torokusho), alimentos não-perecíveis, água, rádio, lanterna, pilhas, fósforo, velas, isqueiro, material de primeiros socorros, remédios e outros itens.
– Se houver perigo de maremoto ou desabamento refugie-se imediatamente.
– Depois da família, agora é a vez da vizinhança. Se houver algum foco de incêndio, avisar com voz alta. Tente apagar o fogo com o extintor ou com baldes de água, e peça para que outros o ajudem.
– Aja sem perder a concentração e preste atenção nos tremores posteriores.
– Não chegue perto nem entre em casas inclinadas. Cuidado também com rachaduras e barrancos.
– Faça você mesmo ou sua família o curativo de pequenos ferimentos.
– Ligue o rádio e verifique as informações sobre o terremoto. Não dê ouvidos a boatos.
– Faça o possível para não usar o telefone. Para verificar as informações seguras, utilize o serviço de recados da NTT 171.
– As ruas devem ser reservadas para os veículos de emergência, por isso não utilize o carro para se refugiar.
– Ao sair de casa, deixe um recado por escrito indicando o local de encontro e a segurança dos familiares.
– Na rua, tome cuidado com vidros e placas caídos no chão, máquinas de refrigerantes e muros inclinados.
– Caso você fique preso nos destroços, grite ou faça barulhos como puder para que o resgate possa localizá-lo.
– Se você estiver andando na rua durante um terremoto, proteja sua cabeça com bolsas ou as duas mãos. Entre debaixo de alguma árvore ou algum prédio resistente. Não vire a palma da mão para cima, pois a possibilidade de cortar o pulso nesse momento é grande. Caso não encontre local para se abrigar, encoste-se em alguma parede (evite muros, portões ou prédios em construção).
– Se você estiver em loja de departamentos ou supermercados, saia de perto das prateleiras. Se houver cesta de compras nas proximidades, pegue uma e coloque em sua cabeça protegendo-a. Dirija-se para perto de colunas ou de paredes.
– Não vá apressadamente para as escadas ou escadas rolantes. Siga as instruções dos responsáveis da loja ou de informações transmitidas dentro da loja.
– Se você estiver dentro do elevador, aperte todos os botões e assim que parar, saia imediatamente.
– Se a porta do elevador não abrir, aperte o botão de emergência e aguarde as instruções.
MORTE– Entre em contato com uma empresa funerária (sogiya). Ela vai tomar todas as providências em relação ao translado do corpo, velório e cremação.
– É sempre bom fazer uma pesquisa de preços. O custo médio é de 1,5 milhão de ienes. Algumas empresas oferecem apenas o serviço de cremação por cerca de 100 mil ienes.
– No crematório, será emitido o atestado de cremação (kasou shoumeisho ou shitai kasou kyokasho). Este documento deve ser levado até a prefeitura para a emissão da certidão oficial de óbito (shibou todoke).
– No consulado brasileiro, é preciso levar o formulário de registro de óbito preenchido e assinado em duas vias, certidão oficial de óbito, atestado de cremação, passaporte do falecido e documento de identificação do declarante.