No Japão, escolas reservam um dia para pais irem à escola

do ipcidgital.com

Através da visita ao colégio, os pais podem se preparar melhor para ajudar os filhos na carreira escolar

Na escola primária Mizuho, em Hamamatsu, freqüentam mais de cem alunos estrangeiros

O costume de os pais dos alunos visitarem a escola em um dia normal de aula é chamado de sankanbi. Nesse dia, é possível presenciar na sala de aula como seus filhos se relacionam com os demais colegas, como atuam as professoras e seus métodos de ensino, enfim, como "pais-participantes", nesse dia eles terão uma avaliação sobre como os estudantes se comportam em classe, sendo também uma oportunidade para conhecer os demais pais dos alunos.

A Escola Primária Mizuho é uma das que reúne mais estrangeiros em seu quadro de alunos. Do total de 856 alunos, 102 são estrangeiros entre os quais, 78 são brasileiros. Os primeiros alunos brasileiros a se matricularem na Mizuho, ocorreu a partir de 1989.

Nair Mikino Saito, brasileira formada em licenciatura, trabalha desde 1998 na Escola Mizuho. Sua função atual é de professora de apoio de estudos. "A escola antes não tinha estrutura para apoiar os alunos que não entendiam o idioma japonês, mas hoje temos um apoio muito bom e os avisos importantes são traduzidos para a língua-pátria", afirma Nair. "Os alunos que necessitam de aula de apoio freqüentam de três a seis aulas semanais, em pequenos grupos, para aprender o idioma japonês e acompanhar as aulas normais. A essa classe especial chamamos de nakayoshi kyooshitsu e são ministradas durante o período normal das aulas".

As dificuldades maiores, conta Nair, são enfrentadas pelos alunos que começaram a estudar no Brasil e depois se transferiram para o Japão. "Há 10 ou 15 anos, os pais brasileiros pensavam que era impossível seus filhos avançarem para o colegial ou universidades do Japão", afirma a professora. "Mas dados recentes, apontam para um número crescente de alunos que prestam exames de admissão para o colegial e, provavelmente, vários desses alunos prosseguirão para as universidades", acredita a professora.

"O que mais ouvimos dos pais dos alunos é que, por serem brasileiros e não entenderem o idioma japonês, não podem ajudar seus filhos nos estudos. Mas se formos verificar esses estudantes do ginasial e colegial, a grande maioria dos pais também não conhecem o idioma. Portanto, depende muito da força de vontade do próprio aluno. O apoio dos pais é muito importante, mas esse não é o fator essencial. O aluno tem que querer aprender", avalia Nair.


Panelinha e ijime

Os pais dos alunos estão instruídos para entrarem em contato com a escola, caso os filhos reclamarem de brigas ou maus-tratos (ijime). "Nem sempre o que os filhos falam em casa corresponde à verdade. Muitas vezes são atitudes infantis, mas os pais dão outra dimensão ao assunto. Nesse caso, buscamos um entendimento entre os pais dos alunos envolvidos e se for o caso de pedir desculpas, tomaremos essa providência", garante a professora de apoio.

O inevitável nas escolas com muitos brasileiros são as panelinhas. "Nos recreios e outras atividades, é comum formar panelinhas entre os brasileiros. Por essa razão, deixam de desenvolver a parte da conversação em japonês, então sempre aconselhamos a integração independente da nacionalidade".

O próximo passo da Escola Mizuho é adaptar o sistema de envio de informativos e outros comunicados de emergência aos pais estrangeiros, no idioma deles, por meio de email. Esse sistema já vem operando no idioma japonês para os casos de emergências, como saída mais cedo da aula, tufão etc.