Jornal Tudo Bem - Brasileiros sofrem preconceito em escolas japonesas

Jornal Tudo Bem - Brasileiros sofrem preconceito em escolas japonesas

Brasileiros sofrem preconceito em escolas japonesas
Crianças com cabelos claros são aconselhadas a tingir o cabelo de preto para não sair do padrão adotado pelos japoneses

O preconceito dentro das escolas japonesas é algo que ainda permanece nos dias atuais. Segundo o jornal The Japan Times, estudantes estrangeiros com cabelos naturalmente claros, ou encaracolados, têm sido submetidos às regras japonesas, por ter seus cabelos classificados como fora do padrão.

Duas brasileiras de Shizuoka que freqüentaram o ensino médio são provas do preconceito. A caçula, que possui cabelos castanhos, foi repreendida por infringir as regras da escola. Ao contrário da irmã mais velha, cujo cabelo é negro.

A primogênita conta que todas as semanas os professores conferiam se realmente ela não estava tingindo seu cabelo de castanho. “Mesmo explicando que esta era a cor natural de seu cabelo, ela foi instruída a tingir seu cabelo de preto. Mas esta imposição a traumatizou. Minha irmã ainda tem complexo de sua aparência”, conta.

Discriminação
Segundo pesquisa publicada pelo Asahi Shinbum, entre 20% e 40% das crianças brasileiras não freqüentam escolas. Dessas, pelo menos 10 mil abandonaram os estudos ou nunca foram matriculadas.

Muitos brasileiros deixam de ir às escolas japonesas porque já foram alvo de preconceito. Uma mãe brasileira que não quis se identificar, conta que a filha que estuda no ensino fundamental de uma escola japonesa em Oizumi (Gunma) viveu uma situação inédita. “Minha filha costuma tomar banho antes de ir para a escola, e o perfume do banho foi motivo para que os alunos japoneses a chamassem de kusai (fedido em japonês)”, conta.

DEPOIMENTO

Apesar de ter traços ocidentais, nunca sofri preconceito. Mas minha filha já sofreu ao ser excluída por uma aluna japonesa.

Para não ser alvo de preconceito, procuro seguir o modo de vida daqui. A roupa e o material escolar dela são iguais ao de todos, e não a levo de carro até a porta da escola.

Mas acredito que o problema é a comunicação, se a criança não sabe a língua, ela não consegue se defender e se enturmar

Adriana Kanzawa, 31 anos, de Oizumi (Gunma)