Melhora da economia neutraliza a incerteza política no Japão

Do site Ultimo Segundo, editoria de Economia

31/07 - 04:48 - EFE

Gonzalo Robledo Tóquio, 31 jul (EFE).- A melhora do emprego no Japão e a alta da despesa das famílias, anunciadas hoje, se somam às previsões otimistas da Bolsa de Valores de Tóquio e neutralizam a incerteza da cena política após a derrota do Governo nas urnas.

Hoje o Governo anunciou que o desemprego no Japão ficou em 3,7% em junho, com uma queda de 0,1 ponto percentual em relação a maio. O nível é o mais baixo em nove anos. Os analistas previam que a taxa se manteria em 3,8%.

A evolução, que representa 530 mil pessoas empregadas a mais, elevando o total a 64,91 milhões, foi mais forte entre os jovens. À medida que os "baby boomers", nascidos após a Segunda Guerra Mundial, se aposentam, a nova geração toma as rédeas da economia.

O aumento do emprego beneficiou a indústria, o varejo e os atacadistas. E o índice também se refletiu na despesa das famílias.

A despesa média das famílias japoneses subiu 0,1% em junho em relação ao mesmo mês do ano anterior, até ¥ 280.587 (US$ 2.340). Foi o sexto mês consecutivo de melhora, levando os analistas a identificar um avanço lento mas sustentado.

No entanto, para parte dos analistas a alta foi "insuficiente" para incentivar uma elevação dos juros. O Banco do Japão mantém a taxa básica em 0,5%, o nível mais baixo do mundo industrializado.

Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei atravessa uma seqüência de baixa, atribuída às quedas em Wall Street. Mas os analistas prevêem uma recuperação gradual, que leve aos 19 mil pontos até o fim do ano.

Os investidores japoneses, segundo os analistas, vão se concentrar nos bons resultados das empresas do país, beneficiadas pela expansão global. Assim, o Nikkei deverá entrar numa curva de alta.

A Bolsa mostra otimismo num momento em que o Governo de coalizão acaba de perder a maioria no Senado, após as eleições de domingo passado. O primeiro-ministro, Shinzo Abe, continua sob pressão para renunciar.

A possibilidade fortaleceria as esperanças do mercado financeiro de um adiamento da alta do imposto sobre o consumo, proposta pelo governante.

Alguns analistas políticos, porém, descartam uma renúncia de Abe, citando a falta de candidatos viáveis entre os dois partidos da coalizão governante. Eles acreditam que a derrota na Câmara Alta vai acelerar as reformas econômicas.

A imprensa financeira acusa a Abe de atrasar as reformas, tirando competitividade da economia japonesa, enquanto a população envelhece e o Japão apresenta o maior déficit fiscal dos países desenvolvidos.

Uma análise do jornal "Nikkei" afirma que a falta de clareza de Abe despertou críticas no eleitorado das zonas rurais, que considera que suas reformas polarizam a economia das diversas regiões. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro sofre a rejeição dos eleitores urbanos, que temem que as mudanças não sejam suficientes.

A perspectiva da continuidade de Abe no Governo e o bloqueio de suas leis por parte da oposição levou os diretores das patronais a pedir ao Partido Democrático, que controla agora o Senado, que situe a economia acima dos interesses partidários.