Sadanori Shiraishi, meu Ditian!


Não sei o ano da foto, que me foi enviada ao Japão em 1999, ano do centenário dele, por uma tia, para eu visitar a cidade dele, caso eventualmente encontrasse algum parente vivo.
Ditian é uma figura tão mítica para mim, tão envolta em histórias mirabolantes, que sempre me pareceu irreal. Esta foto, com a exata pose e carisma que meu pai sempre enalteceu nas histórias, me fez crer em todas as aventuras dele.
Sabem aquele pai do Peixe Grande? Pois aquilo tudo ainda é pouco perto do que este japonês de Fukuoka, que migrou sozinho para o Brasil aos 14 anos, fez por aqui. Fugiu de índios a quem conquistara por parecer com eles quando morou no Mato Grosso, em pleno pré-guerra teve uma sociedade com um francês para plantar menta, fez o parto de nove dos dez filhos que teve com a esposa, mas acima de tudo foi um homem político, envolvido nas causas em que quis.
Por acaso ou não, meu pai foi o único filho a quem ele não viu nascer, pois estava preso em 1942, quando o Brasil prendeu imigrantes do"Eixo". Quando li sobre isto no livro de Fernando Morais identifiquei exatamente a cidade onde meu pai nasceu e entendi parte da minha própria história. Creio que o Ditian tenha sido uma figura marcante na época dos Corações Sujos, seja de um lado, seja de outro, porque ele nunca foi de ter meias idéias ou calar sua opinião.
Será que tive a quem puxar? (risos)