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Preconceitos

Estava lendo agora um relato sobre ser negro e de classe média no Brasil e acabei lembrando de alguns preconceitos que os japoneses e seus familiares viveram aqui nestes 100 anos.

PROIBIÇÃO DAS COMPANHIAS DE IMIGRAÇÃO NO PARANÁ
Pouca gente sabe, mas no Paraná, onde nasci, há uma história de racismo contra os japoneses (e orientais no geral). Soube quando entrevistei Cladio Seto e Maria Helena Uyeda no lançamento do livro Ayumi, Caminhos Percorridos, um levantamento de todas as familias nikkeis que se estabaleceram no Estado até a década de 1950.
O governo da província optou por proibir a contratação de mão-de-obra japonesa quando as companhias de imigração chegaram ao Brasil no início do século XX porque consideravam que os japoneses eram nocivos porque se fechavam entre si e porque sua cor e tamanho não ajudavam no projeto de melhoramento genético da população da província do Paraná (à época recém separada de São Paulo). Os primeiros japoneses chegaram à região de Curitiba e posteriormente do Norte do Paraná a partir da década de 1930 já como proprietários de terras.

A IDENTIFICAÇÃO DAS CRIANÇAS
Quando criança eu sonhava com bonecas com cara de japonesinha ou com pele mais amarelada como a minha, com cabelos negros (não tinha, eram louras ou no máximo Susis de cabelos castanhos). Nem imaginava que chegaríamos às Puccas que agradam tanto as meninas japonesinhas (e outras tb) hoje em dia. E quando criança eu sofria preconceito na colônia por ser mestiça - e ainda sofro, sempre, por incrível que possa parecer!

AVIS RARA
Meu pai conta uma história de quando mudou para Porto Alegre, RS, em 1968, para assumir a subgerência do Banestado. Como não era nada comum orientais por lá, algumas pessoas iam ao banco para vê-lo e tinham a coragem de pedir para ele se podiam mostrá-lo para os filhos, chegando ao cúmulo de tirar foto (naquela época) para mostrar que tinham visto um japonês ao vivo. Ele fazia piada, dizendo que ia cobrar o ingresso, mas no fundo sempre contou esta história com certa tristeza.

SER MESTIÇA
Como minha mãe é descendente de alemães e nós saímos mestiços bem moreninhos, passei a infância sendo barrada em lojas e clubes quando estava com ela. Na adolescência chegamos a ouvir comentários maldosos quando andava de mãos dadas com ela na rua… pode? Pode, no Brasil tudo pode, as pessoas estão tão preocupadas com aparência e com a vida dos outros que se dedicam a pré-julgar a vida alheia o tempo todo. É um esporte nacional.

Milhares de pessoas visitam o Festival Nipo Brasileiro, em Maringá

Paraná TV 1ª Edição
Milhares de pessoas visitam o Festival Nipo Brasileiro, em Maringá

Minha amiga Simone assistiu no jornal e me avisou desta matéria com um recadinho bem gentil:
Sam, sempre lembro de vc qdo leio ou vejo qqr coisa da cultura nipônica, acho muito bacana essa sua forte ligação com suas raízes.
Fica aqui meu "domo arigatô" para ela.
Clique aqui ou na imagem para ver.