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Escolas sofrem para obter reconhecimento

Benefícios como redução de impostos e verba do governo atraem escolas brasileiras no Japão a tentar o registro de “miscellaneous school”
por Redação Tudo Bem

Governo de algumas prefeituras estão dificultando o reconhecimento de algumas instituições de ensino brasileiras e peruanas para serem registradas como miscellaneous school

Em todo o Japão, apenas cinco instituições de ensino brasileiras foram reconhecidas como miscellaneous school. Os benefícios que essas escolas recebem atraem outras a solicitar o pedido ao governo japonês. Porém, colégios brasileiros e peruanos estão sofrendo com a relutância do governo local em abandonar seus antigos padrões de aprovação, apesar das mudanças nas regras já aprovadas pelo Ministério da Educação do Japão.

Segundo reportagem do jornal Mainichi, uma pesquisa recente do Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia descobriu que as cidades de Saitama, Tochigi e Yamanashi não revisaram seus padrões para reconhecerem essas escolas que atendem estudantes sulamericanos, apesar do relaxamento do critério feito pelo ministro em 2004.

Aluguel
Por esse decreto, prefeitos podem fazer melhorias em escolas cujas construções e dependências sejam alugadas.

O decreto do ministro veio em resposta à dificuldade dessas escolas em adquirir locais adequados para ministrar aulas.

Baseado nesse decreto, prefeitos da região de Tokai, onde há muitas escolas para estudantes sulamericanos, assim como Shiga, Ibaraki e outras prefeituras, suavizaram seus padrões de reconhecimento dessas escolas.

Entretanto, o governo da prefeitura de Saitama ignorou o pedido de três unidades para estudantes sulamericanos que entraram com pedidos em 2005. “Nós apenas autorizamos escolas cujo prédio e dependências são emprestadas pelo governo central ou organizações públicas.”

Tochigi e Yamanashi também exigiram que escolas para estrangeiros tenham seus próprios prédios.

Reações
As reações das prefeituras variaram de promessas – com Tochigi se oferecendo para examinar pedidos através de uma base flexível, seguida por Saitama, que disse estar analisando as novas regras – ao incerto, com a Yamanashi pedindo para que as mudanças dos padrões sejam feitos em “hora mais apropriada”.

Um representante do ministro disse: “nós não podemos dizer que as reações sejam inapropriadas porque as condições para cada governo local são diferentes. Entretanto, nós esperamos que eles sustente o efeito de nossa regulamentação o mais rápido possível”.

Atualmente, há 86 escolas que atendem brasileiros e peruanos em todo o Japão. Dessas, apenas cinco foram reconhecidas como miscellaneous.

A presidente da Associação das Escolas Brasileiras no Japão, Julieta Yoshimura disse: “a menos que nossas escolas sejam autorizadas, nós não podemos reivindicar taxas de dedução ou passes de transporte”. Esses são alguns dos benefícios adquiridos pelas escolas especializadas – encaixam-se nesse perfil escolas internacionais, vocacionais, de habilitação e outras, como a miscellaneous. Elas podem receber verba do governo, ter redução no valor dos impostos e ainda oferecer bolsas de estudos aos alunos carentes. Os estudantes também são beneficiados com carteirinha que dá descontos de 20% a 50% nos transportes coletivos, e receberão um diploma válido no Brasil e no Japão, possibilitando que eles prestem vestibular como qualquer japonês.

No Japão, escolas reservam um dia para pais irem à escola

do ipcidgital.com

Através da visita ao colégio, os pais podem se preparar melhor para ajudar os filhos na carreira escolar

Na escola primária Mizuho, em Hamamatsu, freqüentam mais de cem alunos estrangeiros

O costume de os pais dos alunos visitarem a escola em um dia normal de aula é chamado de sankanbi. Nesse dia, é possível presenciar na sala de aula como seus filhos se relacionam com os demais colegas, como atuam as professoras e seus métodos de ensino, enfim, como "pais-participantes", nesse dia eles terão uma avaliação sobre como os estudantes se comportam em classe, sendo também uma oportunidade para conhecer os demais pais dos alunos.

A Escola Primária Mizuho é uma das que reúne mais estrangeiros em seu quadro de alunos. Do total de 856 alunos, 102 são estrangeiros entre os quais, 78 são brasileiros. Os primeiros alunos brasileiros a se matricularem na Mizuho, ocorreu a partir de 1989.

Nair Mikino Saito, brasileira formada em licenciatura, trabalha desde 1998 na Escola Mizuho. Sua função atual é de professora de apoio de estudos. "A escola antes não tinha estrutura para apoiar os alunos que não entendiam o idioma japonês, mas hoje temos um apoio muito bom e os avisos importantes são traduzidos para a língua-pátria", afirma Nair. "Os alunos que necessitam de aula de apoio freqüentam de três a seis aulas semanais, em pequenos grupos, para aprender o idioma japonês e acompanhar as aulas normais. A essa classe especial chamamos de nakayoshi kyooshitsu e são ministradas durante o período normal das aulas".

As dificuldades maiores, conta Nair, são enfrentadas pelos alunos que começaram a estudar no Brasil e depois se transferiram para o Japão. "Há 10 ou 15 anos, os pais brasileiros pensavam que era impossível seus filhos avançarem para o colegial ou universidades do Japão", afirma a professora. "Mas dados recentes, apontam para um número crescente de alunos que prestam exames de admissão para o colegial e, provavelmente, vários desses alunos prosseguirão para as universidades", acredita a professora.

"O que mais ouvimos dos pais dos alunos é que, por serem brasileiros e não entenderem o idioma japonês, não podem ajudar seus filhos nos estudos. Mas se formos verificar esses estudantes do ginasial e colegial, a grande maioria dos pais também não conhecem o idioma. Portanto, depende muito da força de vontade do próprio aluno. O apoio dos pais é muito importante, mas esse não é o fator essencial. O aluno tem que querer aprender", avalia Nair.


Panelinha e ijime

Os pais dos alunos estão instruídos para entrarem em contato com a escola, caso os filhos reclamarem de brigas ou maus-tratos (ijime). "Nem sempre o que os filhos falam em casa corresponde à verdade. Muitas vezes são atitudes infantis, mas os pais dão outra dimensão ao assunto. Nesse caso, buscamos um entendimento entre os pais dos alunos envolvidos e se for o caso de pedir desculpas, tomaremos essa providência", garante a professora de apoio.

O inevitável nas escolas com muitos brasileiros são as panelinhas. "Nos recreios e outras atividades, é comum formar panelinhas entre os brasileiros. Por essa razão, deixam de desenvolver a parte da conversação em japonês, então sempre aconselhamos a integração independente da nacionalidade".

O próximo passo da Escola Mizuho é adaptar o sistema de envio de informativos e outros comunicados de emergência aos pais estrangeiros, no idioma deles, por meio de email. Esse sistema já vem operando no idioma japonês para os casos de emergências, como saída mais cedo da aula, tufão etc.

MEC avalia escolas brasileiras no Japão

do IPC on line

Uma realidade preocupante detectada nesse estudo foi a inadimplência dos alunos, estimada em 30%

São Paulo - Flávio Nishimori/IPCJAPAN

Um relatório do Ministério da Educação do Brasil (MEC) mostra a evolução do número das escolas brasileiras no Japão. O estudo, ao qual o ipcdigital.com teve acesso, analisou 75 estabelecimentos de ensino em funcionamento em dezembro de 2005 e traça um panorama desse segmento voltado à comunidade brasileira. Revela, por exemplo, que as primeiras escolas se estabeleceram no ano de 1995. Na época, eram cinco instituições. Em dez anos, houve um aumento de mais de dez vezes deste número.

A pesquisa também delineou o mapa de localização das escolas. De acordo com o MEC, existem estabelecimentos de ensino brasileiros em funcionamento em 12 províncias, com maior concentração em Shizuoka (15), Aichi (14), Nagano (12) e Gunma (9).

Um dado interessante apontado na pesquisa é que a maioria das escolas brasileiras era de pequeno porte. Dezoito tinham entre 1 e 50 alunos e 19 agrupavam de 51 a 100 estudantes. No entanto, observou-se também que dois estabelecimentos mantinham de 400 a 450 estudantes.

Uma realidade preocupante detectada nesse estudo foi a inadimplência dos alunos, estimada em 30%. Uma escola, por exemplo, em função dessa falta de pagamento, estaria arcando com um prejuízo de cerca de ¥ 6 milhões anuais na época.


Dados preocupantes

Um outro levantamento recente realizado pelas autoridades japonesas e encaminhado para o MEC no Brasil também contém dados para uma reflexão tanto do governo brasileiro quanto do Japão.

O número de brasileiros no ensino fundamental no país gira em torno de 26 mil crianças, entre 5 e 14 anos. Seis mil estão em escolas brasileiras e sete mil em instituições japonesas onde há algum tipo de reforço para os brasileiros. Aliás, foi por esse motivo que se conseguiu catalogar esses números. Com relação aos restantes 13 mil, e nesse particular reside a grande questão, não se sabe ao certo se estão em escolas japonesas ou se não freqüentam nenhum tipo de estabelecimento.

"É um motivo de grande preocupação, pois se fizermos uma projeção otimista diríamos que 50% desse total esteja mesmo estudando. Mesmo assim, a quantidade de alunos fora das escolas é expressiva. A nossa principal dificuldade é saber onde estão essas pessoas para tentar estabelecer alguma estratégia a fim de ajudar a solucionar essa problemática", afirma a assessora do MEC Claudia Soares.


foto: Blog do acessa SP